Nome comum: Camarão Zebra Púrpura / Purple Zebra Shrimp Nome Científico: Potamalpheops miyai Yeo & Ng, 1997 Origem: Indonésia e Filipinas Tamanho macho/fêmea: 0.8 cm Temperatura da água: 22º - 28° C Parâmetros da água: pH 6.5 - 7.5 Taxa de reprodução: Atualmente não é possível a reprodução em cativeiro Comportamento: Pacífico Dificuldade: Fácil
Introdução
O Camarão Zebra Púrpura possui um visual bem legal, mas infelizmente não é viável de se manter em cativeiro pois eles não se reproduzem em água doce, são relativamente pequenos e se escondem a maior parte do tempo. É um belo camarão para se ter mas, infelizmente, não espere mais do que beleza.
Origem
O Camarão Zebra Púrpura foi introduzido no aquarismo em 2006 e é originário de manguezais e pequenos riachos próximos à foz, na Indonésia (Sulawesi, Pulau Bintan) e Filipinas (Mindanao). Todos os indivíduos encontrados à venda são selvagens e seus exportadores são ribeirinhos que os capturam em milhares. Ainda não há notícias de reprodução em cativeiro.
Parâmetros da Água
Eu mantive o Camarão Zebra Púrpura em diferentes tipos de parâmetros. Esta espécie pode viver e carregar ovos (sem reprodução) numa faixa de pH de 6.6 a 7.4. A temperatura também pode variar de 23°C a 28°C. Esta espécie não é delicada como alguns pensam, um espécime saudável pode viver em múltipas condições. O principal motivo para ser considerada frágil se deve às condições de captura e exportação, visto que este camarão é retirado do ambiente selvagem, e o sistema inadequado de manuseio e transporte pode facilmente ferir o animal, sentenciando-o à morte certa.
Reprodução
O Camarão Zebra Púrpura necessita de água salobra para eclodir com sucesso e se desenvolver de larva a mini adultos, ele inicia seu ciclo como uma pequena larva flutuando na água. A fêmea carrega vários ovos verde claros por aproximadamente 3 semanas e depois eclodem pequenas larvas que flutuam livremente na água, as larvas são quase completamente transparentes, extremamente pequenas e parecem pedaços de vidro flutuando na água, é um visão muito interessante. A foto abaixo é de uma larva flutuando.
Infelizmente após aproximadamente uma semana a larva não foi mais encontrada. Chequei o musgo e substrato várias vezes sem sucesso. Tive várias larvas em diferentes períodos mas o resultado todas vezes foi o mesmo: nenhum chegou à idade jovem. É desconhecido se eles morreram de fome ou por falta de água salobra, ou os dois. Abaixo outra foto de uma larva flutuando à deriva.
Sexagem
Sexar o Camarão Zebra Púrpura não é uma tarefa tão fácil pois as regras básicas de fêmeas maiores com ventres curvados não são aplicadas. Este é um camarão muito pequeno, adultos chegam a pouco mais de 0,5 cm, portanto o gênero só pode ser definido pela presença de uma sela esverdeada ou ovos verdes na fêmea. Parece que este camarão se reproduz o tempo todo pois a fêmeas tem ou a sela ou ovos o tempo todo. Eu não acredito que exista outra maneira de sexar esta espécie sem a sela ou ovos. Machos e fêmeas parecem ser do mesmo tamanho. Abaixo uma foto de uma fêmea com uma bela sela esverdeada.
Alimentação
Este camarão definitivamente não é fresco com comida e comerá espinafre cozido, abobrinha, pastilhas de alga, rações para camarões, ração flocada para peixes, bloodworms, entre outros. É melhor alimentá-los uma vez ao dia, forneça apenas o que puder ser consumido em 2-3 horas no máximo. Não é bom alimentar em excesso e deixar comida por muito tempo no aquário pois a sobrealimentação é uma conhecida causa de morte e pode causar variação na qualidade da água. Lembre-se que na natureza camarões são “catadores”, eles irão comer tudo o que encontrarem e não são acostumados a ter comida disponível o tempo todo. Deixar de alimentá-los por um ou dois dias é bom e não prejudicará esta espécie. Algumas vezes eu deixo de alimentá-los por alguns dias para que eles limpem o aquário, ajudando assim na qualidade da água. Abaixo a foto de um Camarão Zebra Púrpura comendo uma pastilha de algas.
Uma espécie brasileira!!!
Apesar de ser considerado
no hobby um “camarão-anão”, o gênero Potamalpheops
Powell, 1979 pertence à família Alpheidae, e não à família Atyidae como as
demais espécies ornamentais. Muitos alfeídeos são chamados popularmente de camarão-pistola
ou camarão-de-estalo, são pequenos camarões
marinhos com um dos quelípodos desproporcionalmente desenvolvidos, que ao
fechar produz um som de estalo, e simultaneamente uma onda de choque, que é
usada pelo camarão para caçar suas presas.
Os Potamalpheops não têm essa arma, atualmente são conhecidas 13
espécies distribuídas em ambientes marinhos e salobros tropicais no Atlântico e
Indo-Pacífico Ocidental, 3 destas espécies vivem em riachos e lagos de água
doce, e 3 outras colonizaram cavernas e lagos anquialinos. Algumas destas
espécies asiáticas de água doce (como o P.
miyai) são comercializadas como espécies ornamentais, chamadas de “Purple
Zebra Shrimp”. São todos animais coletados na natureza, que ainda não podem ser
reproduzidos em cativeiro.
Em 2014 uma nova espécie
deste gênero foi descrita na Bahia, Potamalpheops
tyrymembe Soledade, Santos & Almeida, 2014. É a primeira espécie
sul-americana do gênero, e foi coletada em manguezais, habitando tocas do
caranguejo Uçá (Ucides cordatus), em
salinidade entre 21 e 24%o. Os animais foram identificados na Baía de Camamu, entre
os Rios Baiano e Serra, no Povoado de Tremembé (daí seu nome, do Tupi “tyrymembe”,
que significa “pântano”), em Maraú, costa central da Bahia.
Potamalpheops tyrymembe, fêmea ovada fotografada em Maraú, BA. Imagem gentilmente cedida pela UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz).
Medindo pouco mais de 1
cm, têm corpo translúcido, com cromatóforos variando de marrom a laranja,
esparsas na carapaça, e formando finas bandas transversais no abdômen. Embora
com uma coloração menos intensa, lembram o aspecto zebrado do “Purple Zebra”. Pigmentação
azulada no telso e urópodos. Olhos avermelhados ou rosados.
Os espécimes foram
coletados em água salobra, com uma salinidade relativamente alta (21~24%o, a
salinidade da água do mar é 35%o). Desta forma, é bastante improvável que a
espécie possa ser adaptada à água doce, ou tenha algum valor comercial como
espécie ornamental. Mas não deixa de ser uma descoberta fascinante!
Bibliografia adicional:
- Soledade GO, Santos PS, Almeida AO. Potamalpheops tyrymembe sp. n.: the first
southwestern Atlantic species of the shrimp genus Potamalpheops Powell, 1979 (Caridea: Alpheidae). Zootaxa. 2014 Feb 4;3760:579-86.
- Anker A. Presence of the alpheid shrimp genus Potamalpheops Powell,
1979 (Crustacea: Decapoda: Caridea) in South Asia, with description of a
new species from Sri Lanka. Raffles Bulletin of Zoology, 2005 Suppl.
12, 31–37.
- Yeo DCJ, Ng PKL. The alpheid shrimp genus Potamalpheops Powell,
1979 (Crustacea: Decapoda: Caridea: Alpheidae) from Southeast Asia, with
descriptions of three new species. Journal of Natural History,
1997 31 (2), 163–190.
Tradução e adaptação: Cleidson Silva. Atualização: Walther Ishikawa
Agradecimentos especiais à Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) por permitir o uso da foto da nova espécie brasileira.
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