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"Macrobrachium borellii"  
Artigo publicado em 10/01/2012, última edição em 18/06/2022  


 

Nome em português: Camarão de rio
Nome em inglês: -
Nome científico: Macrobrachium borellii (Nobili, 1896)

Origem: Sudeste da América do Sul.
Tamanho: geralmente até 5,5 cm.
Temperatura da água: 20-28° C
pH: 6.5-7.8

Dureza: indiferente
Reprodução
: especializada, em água doce
Comportamento: agressividade média
Dificuldade: fácil

 

 

Apresentação


            Uma espécie bastante comum de camarão na região Sul do país é o Macrobrachium borellii. É um animal de fácil manutenção e reprodução em aquários, e ocasionalmente é visto à venda no comércio aquarístico.

            Etimologia: Macrobrachium vem do grego makros (longo, grande) e brakhion (braço); borellii é em homenagem ao naturalista francês de família italiana Alfredo Borelli (1857-1943), que coletou o primeiro espécime.


 

Origem

            Sua distribuição geográfica é a região sudeste da América do Sul, nos ecossistemas dos Pampas, sendo encontrado nas planícies do Paraguai, Argentina, Uruguai e Brasil (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Paraná). O limite sul da sua distribuição corresponde ao território de drenagem do sistema do Rio de La Plata, a 35oS, sendo o Macrobrachium de distribuição mais austral conhecida. Vive em variados ambientes, sendo mais comuns em lagos e várzeas que sofrem inundações periódicas, com variações relativamente grandes dos seus parâmetros físicos e químicos ao longo do ano. Pela sua distribuição, vivem em ambientes mais frios, podem ser coletados em locais aonde a temperatura chega a 5° C no inverno.

 

Aparência


            Geralmente os exemplares brasileiros são pequenos, com cerca de 4,0 cm, embora alguns espécimes maiores tenham sido descritos, de até 6,0 cm. Possuem o corpo transparente, alguns com suaves faixas e marcas. Por outro lado, há relatos de camarões argentinos desta espécie ultrapassando 10 cm. Os argentinos também possuem cor mais escura, com padronagem críptica mais rica.

            Alguns trabalhos indicam uma grande diversidade genética entre as populações deste camarão, muito maior do que de outras espécies, o que pode em parte explicar essas sub-populações bastante pleomórficas.

            Seu aspecto geral é bastante similar a de outros palaemonídeos, com carapaça lisa e corpo alongado. Um achado bem peculiar desta espécie é o carpo, bem mais longo do que a palma, o que auxilia bastante a sua diferenciação de espécies próximas.

Rostro: Delgado e relativamente longo, do comprimento aproximado do escafocerito, quase reto, somente com a sua extremidade curvada para cima. Margem superior com 6~9 dentes, regularmente distribuídos, o primeiro antes da órbita. Margem inferior com 2~4 dentes.

Quelípodos dos machos: Simétricos, longos e finos, com finos espinhos. Dedos 1/2 a 2/3 do comprimento da palma. Carpo distintamente mais longo do que a palma, mero um pouco mais curto do que o carpo.

 



Macrobrachium borellii, adulto coletado na Argentina, foto de Valéria Castagnino.



Este animal saltou do aquário e acabou morrendo. Na imagem, é claramente visível o aspecto bem alongado do carpo, um sinal que ajuda bastante na identificação da espécie. Foto de Valéria Castagnino.

 

 

Macrobrachium borellii, grande exemplar com mais de 10cm de comprimento, foto de Julio Alberto Calo.

 

Macrobrachium borellii, um espécime com coloração e padronagem diferentes. Fotos de Aitor Aramberry.




Parâmetros de Água

 

Pela grande variação dos parâmetros que estão submetidos no seu ambiente natural, são bastante tolerantes quanto às condições da água, mas se desenvolvem melhor num pH de 6,5 a 7,8, de dureza indiferente. Pela sua distribuição meridional, são mais resistentes a baixas temperaturas, embora sejam mais ativos acima de 22° C.


 

Dimorfismo Sexual

 

Diferenciação difícil, exceto pela presença de ovos. Machos e fêmeas têm dimensões semelhantes (machos são maiores, mas discreto), machos possuem quela maior, mas também de forma discreta.

Fêmeas possuem pleuras abdominais arqueadas e alongadas, formando uma câmara de incubação. Também podem ser diferenciados pela análise dos órgãos sexuais, mas isto é bem difícil em animais vivos.





Macrobrachium borellii, fêmea ovada. Foto de Valéria Castagnino.




Reprodução

            O Macrobrachium borelli é uma das espécies de camarão de água doce de reprodução em cativeiro mais fácil. São animais de reprodução especializada, gerando poucos ovos de grandes dimensões, medindo cerca de 2,0 mm de diâmetro. Têm todo seu ciclo de vida em água doce, não necessitando de água salobra.

            O tempo de desenvolvimento dos ovos é bastante longo, de cerca de 7 semanas. Por outro lado, esta espécie tem um dos tempos de desenvolvimento larvar mais curto dentre os Macrobrachium, de somente dois dias. Os filhotes já nascem com maiores dimensões, medindo cerca de 7 mm. Têm comportamento bentônico, passando a maior parte do tempo no substrato (ao invés de formas larvares natantes das espécies de reprodução primitiva). Desde o início já aceitam alimentação inerte, o que leva a uma alta taxa de sobrevivência da prole, mesmo em aquários domésticos.

 


 


Macrobrachium borellii, pós-larva nascida no aquário, idade entre 1 e 2 dias. Foto de Valéria Castagnino.

 

O mesmo animal da foto anterior, após dois meses. Foto de Valéria Castagnino.




Comportamento

 

É uma espécie ativa, se movimentando por todo o aquário, desde que não haja potenciais predadores. Embora em menor grau do que os grandes “pitus”, são camarões relativamente agressivos, dentre aquaristas argentinos existem diversos relatos de animais predando peixes pequenos.

A sua longevidade é estimada em cerca de 2 anos.




Macrobrachium borellii juvenil, ainda com o corpo transparente. Foto de Valéria Castagnino.



Alimentação

 

Não são nada exigentes quanto à alimentação, comendo desde algas a restos de ração dos peixes. Alimentam-se de animais mortos, inclusive outros camarões. São bastante úteis como faxineiros, coletando restos de alimentos em locais inacessíveis a outros animais.

 

 

 

Grande Macrobrachium borellii, mostrando as longas garras e a proporção dos seus segmentos. Foto de Damián Lescano.

 

 

 

Bibliografia: 

  • Melo GAS. Manual de Identificação dos Crustacea Decapoda de água doce do Brasil. São Paulo: Editora Loyola, 2003. 
  • D'Amato ME, Corach D. Genetic Diversity of Populations of the Fresh-Water Shrimp Macrobrachium borellii (Caridea: Palaemonidae) Evaluated by RAPD Analysis. Journal of Crustacean Biology. Vol. 16, No. 4 (Nov., 1996), pp. 650-655. 
  • Bond G, Buckup L. O ciclo da intermuda em Macrobrachium borellii (Nobili, 1896) (Crustacea, Decapoda, Palaemonidae): a influência da temperatura e do comprimento do animal. Rev. Bras. Zool. 1988, vol.5, n.1, pp. 45-59. 
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Ficha escrita por Walther Ishikawa

 

Agradecimentos aos colegas aquaristas argentinos Valéria Castagnino, Aitor Aramberry, Julio Alberto Calo e Damián Lescano pela cessão das fotos para o artigo, e valiosas informações.

 
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