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Sulawesi Arlequim  
Artigo publicado em 10/01/2012, última edição em 06/01/2020  


Nome comum
: Camarão do Sulawesi Arlequim / Harlequin Shrimp 
Nome Científico: Caridina woltereckae e Caridina spongicola
Origem: Lagos da Ilha de Sulawesi, Indonésia 
Tamanho macho/fêmea: 0.5 cm / 1.2 cm 
Temperatura da água: 25 - 30 °C 
Parâmetros da água: pH 7.0 - 8.5 
Taxa de reprodução: Baixa 
Comportamento: Pacífico 
Dificuldade: Difícil


Apresentação

O camarão Arlequim é originário de Sulawesi, na Indonésia, e possui uma coloração única e marcante. É o menor de todos os camarões de Sulawesi recém descobertos. O camarão arlequim é também extremamente tímido até que se acostume com seu novo ambiente. Uma vez que esteja aclimatado ao aquário ele se apresentará mais vezes, demonstrando sua verdadeira coloração. 

Na realidade trata-se de duas espécies bastante parecidas e simpátricas, Caridina woltereckae Cai, Wowor & Choy, 2009 e Caridina spongicola Zizler & Cai, 2006. Praticamente todos os camarões criados em aquários são da primeira espécie. Como curiosidade, o nome woltereckae é uma homenagem à bióloga alemã Eva Woltereck, conhecida pesquisadora de camarões, especialmente Caridinas. E spongicola tem origem no modo de vida especial desta espécie de camarão, descrita adiante.

O Camarão Arlequim também é conhecido como Celebes Beauty Shrimp, embora um nome cada vez menos usado. O C. spongicola é chamado também de Spongicola Shrimp ou Rainbow Shrimp. Somente lembrando que existe uma espécie de camarão ornamental marinho com o mesmo nome popular (Hymenocera picta), cuidado para não confundir.  







Origem

O camarão arlequim é originário de Sulawesi, Indonésia. As duas espécies são endêmicas do lago Towuti, o maior lago do complexo Malili. Eu indico como leitura este artigo:   Expedição ao Sulawesi  para informações mais detalhadas de Sulawesi, assim como mais informações sobre este habitat. Há também fotos subaquáticas do ecossistema do lago e fotos da paisagem.

Embora ambas habitem o mesmo lago, o Caridina woltereckae tem distribuição mais ampla por todo o lago, e o Caridina spongicola só é encontrado na baía de saída a oeste do lago, em direção ao Rio Petea, isto tem relação provavelmente com seu modo de vida simbiótico com uma esponja de água doce endêmica, encontrada somente nesta região do lago, da subordem Spongillina, ainda não identificada formalmente. São bastante numerosos no local, há registros de até 137 camarões habitando uma única esponja. É a única espécie conhecida de camarão de água doce com este comportamento simbiótico (a associação é comum em camarões marinhos). Por outro lado, tipicamente o C. woltereckae é encontrado em substratos rochosos por todo o lago.





Parâmetros de Água


Como para todos os camarões de Sulawesi, é extremamente recomendado que o camarão arlequim seja mantido numa temperatura de pelo menos 25ºC. Qualquer valor abaixo pode matar indivíduos dessa espécie. Também é recomendado que esta espécie seja mantida em aquários com água dura e pH acima de 7,0. Muitos aquaristas mantêm seus aquários de Sulawesi com pH em 8,0.

Estou atualmente criando o camarão arlequim no mesmo aquário com algumas outras espécies de Sulawesi. O aquário possui substrato ADA Amazônia, temperatura de 28ºC e pH 7,0. Alguns criadores dizem que um pH abaixo de 7,0 juntamente com o ADA Amazônia, não é uma boa mistura para esta espécie. Nisto eu discordo. Todos os camarões de Sulawesi que crio atualmente estão indo muito bem nesta configuração e até agora até os filhotes estão indo muito bem. Os filhotes estão constantemente em busca de alimentos, e isso é um bom sinal.


Dimorfismo sexual

O dimorfismo sexual do camarão arlequim é desconhecido. Eu não sei como pode ser identificada a diferença entre machos e fêmeas. Tentei encontrar algum artigo online sobre o dimorfismo sexual de qualquer camarão de Sulawesi, e aparentemente isso não é conhecido. Talvez com a passagem do tempo seja descoberto como definir o sexo desses camarões, mas por enquanto parece que todos os machos e fêmeas possuem a mesma coloração. Meu palpite é que as fêmeas talvez sejam um pouco maiores que os machos. Se o tamanho é o único indicador, então talvez seja difícil descobrir o sexo, pois o camarão arlequim é muito pequeno, mesmo quando adulto.






Reprodução

Eu consegui fazer com que os camarões arlequim tivessem filhotes, e os mesmos estão bem. Tive a sorte de receber algumas fêmeas ovadas de camarão arlequim do exterior. As fêmeas ovadas recebidas eclodiram seus ovos e agora tenho filhotes de arlequim por todos os lados. Eles estão se desenvolvendo bem e eu espero que eles possam crescer até a fase adulta e se reproduzir estritamente em cativeiro.

A reprodução é conseguida em água 100% doce, sem necessidade de adição de sal ou água salobra. Não existe fase larval. As fêmeas adultas carregam os ovos até que eles eclodam, produzindo camarões em miniatura. A fêmea carrega cerca de 10-15 ovos. Leva-se de 20 a 30 dias para a eclosão. Os filhotes apresentam a mesma cor dos adultos, só que não tão intensa. Irei atualizar conforme a passagem do tempo. Para maiores informações sobre o ciclo de reprodução de camarões de aquário de água doce, leia o artigo  A reprodução do camarão de água doce no aquário .









Aparência

O camarão arlequim possui uma coloração muito distinta. É uma mistura de três cores: preto, vermelho e branco. Estas três cores se misturam uma a outra e oferecem um contraste bem original. Arlequim é um estilo de arte geralmente retratada em bobos da corte ou palhaços da Idade Média. O nome camarão arlequim pode muito bem ter sido derivado da personagem de quadrinhos "Harley Quinn", que possui cores muito similares.

Quanto às duas espécies, elas podem ser diferenciadas por pequenos detalhes: C. spongicola costuma ser menor, com o rostro mais curto. C. woltereckae tem uma cor mais intensa, o que explica sua preferência como espécie ornamental. Há uma diferença também no número médio de ovos, a primeira carrega cerca de 12 a 18 ovos, enquanto a segunda de 19 a 29. 







Comportamento

Como mencionado anteriormente, o camarão arlequim pode ser uma espécie bastante tímida. Ele pode se esconder nas sombras e as vezes não aparecer. Eu atribuo esse comportamento ao fato de que o camarão arlequim não se sente confortável em seu novo ambiente, o aquário. Uma vez que essa espécie se aclimata e passa a não sentir medo de predadores, ele se mostra em locais mais abertos. Se você notar que seu camarão arlequim se esconde com freqüência, é um sinal de que ele precisa de mais tempo para se sentir mais confortável ou os parâmetros de seu aquário não estão adequados ao seu gosto. É muito importante que você mantenha a água limpa e os parâmetros de água conforme é informado no topo desta página.

Caridina spongicola vive e se alimenta nas porosidades das esponjas de água doce que existem no lago, daí vem seu nome. Não são parasitas, mas usam as paredes das esponjas para se alimentar de algas ou partículas encontradas, basicamente limpando-as. Há pouco informação sobre a necessidade de esponjas na criação em aquários desta espécie, alimentá-las em cativeiro sem a esponja parece não ter problema, mas é uma informação que precisa de confirmação futura.


Alimentação

Eu alimento todos os camarões de Sulawesi, incluindo o camarão arlequim, da mesma forma que alimento outras espécies de camarão que crio. Alimento com a ocasional “água verde” e outros alimentos para invertebrados. Parece que eles preferem se alimentar durante a noite enquanto outras espécies dão conta do substrato e plantas durante o dia. Eles preferem ficar nas sombras, abaixo das folhas das plantas. Eu recomendo alimentar os arlequins após as luzes se apagarem. Eles se sentirão mais confortáveis para se alimentar do que quando as luzes estiverem ligadas. 

A alimentação deve ser feita apenas uma vez por dia. Apenas alimente os camarões com o suficiente para ser consumido no máximo em 2 ou 3 horas. Não é adequado alimentar em excesso, e ter comida sobrando por muito tempo. Superalimentação é um caso conhecido de mortes e pode causar queda na qualidade da água. Lembre-se que camarões são detritívoros na natureza. Eles irão comer o que eles encontrarem e não é normal existir uma fonte constante de alimento, 24 horas por dia. Deixar de alimentá-los por um ou dois dias não tem problema, e não irá afetar indivíduos dessa espécie de forma alguma. As vezes eu deixo de alimentá-los por um ou dois dias a fim de permitir que os camarões limpem seu sistema digestivo, e isso ajuda a manter a água limpa ao mesmo tempo.







Tradução e adaptação: Rafael Senfft, atualização de Walther Ishikawa.


Bibliografia:

  • von Rintelen K, Cai Y. (2009). Radiation of endemic species flocks in ancient lakes: Systematic revision of the freshwater shrimp Caridina H. Milne Edwards, 1837 (Crustacea: Decapoda: Atyidae) from the ancient lakes of Sulawesi, Indonesia, with the description of eight new species. The Raffles Bulletin of Zoology 57: 343-452.
  • Zitzler K, Cai Y. (2006). Caridina spongicola, new species, a freshwater shrimp (Crustacea: Decapoda: Atyidae) from the ancient Malili lake system of Sulawesi, Indonesia. Raffles Bull. Zool. 54, 271–276.
  • von Rintelen K, von Rintelen T, Meixner M, Lüter C, Cai Y, Glaubrecht M. (2007). Freshwater shrimp–sponge association from an ancient lake. Biol Lett. 22; 3(3): 262–264.
  • Cai Y, Wowor D, Choy S. (2009). Partial revision of freshwater shrimps from Central Sulawesi, Indonesia, with descriptions of two new species. Zootaxa, 2045, 15 –32.

 
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