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"Mikrotrich. kensleyi"  
Artigo publicado em 16/07/2012, última edição em 21/02/2021  



Caranguejo de Água Doce – Mikrotrichodactylus kensleyi

 

Nome em português: Caranguejo de água doce, Caranguejo de rio.
Nome em inglês: -
Nome científicoMikrotrichodactylus kensleyi Rodríguez, 1992

Origem: Sudeste da América do Sul
Tamanho: carapaça com largura de até 2,5 cm
Temperatura: 20-28° C
pH: neutra para alcalina

Dureza: moderadamente dura
Reprodução
: especializada, todo ciclo de vida em água doce
Comportamento: pacífico
Dificuldade: fácil

 

 

Apresentação

 

O Mikrotrichodactylus kensleyi é um pequeno caranguejo dulcícola aquático, de hábitos noturnos. É uma espécie descoberta há relativamente pouco tempo (1992), a mais recentemente descrita dentre os Trichodactylus e Mikrotrichodactylus.

Até muito recentemente, estes pequenos caranguejos eram classificados juntamente com os Trichodactylus. Há muito tempo alguns autores defendiam a classificação deste e de outros pequenos Trichodactylus como um grupo taxonômico distinto, baseado em uma série de detalhes anatômicos peculiares, no gênero Mikrotrichodactylus.

           Publicado em 2013 e 2018, a Dra. Edvanda Andrade Souza de Carvalho realizou um interessante trabalho nas suas teses de mestrado e doutorado, realizando análises morfológicas e genéticas (16S e COI) em um grande número de espécimes de Trichodactylus, com alguns resultados bastante interessantes. 146 espécimes foram analisados morfologicamente, e 43 geneticamente. Este trabalho demonstrou a validade dos Mikrotrichodactylus, que formavam um clado bem definido, e com distância significativa dos grandes Trichodactylus.


            Etimologia: Mikrotrichodactylus vem do grego mikro (pequeno), thríks (cabelo) e daktulos (dedo); kensleyi é em homenagem ao carcinologista Dr. Bryan Kensley, que disponibilizou para o Dr. Rodríguez a coleção de caranguejos coletados pela expedição da Universidade de Michigan ao Paraguai, em 1979.

 

Origem

            Espécie sul-americana, com distribuição mais restrita, sendo encontrado nas bacias do rios Paraguai e baixo Paraná. Ocorrem no Brasil (estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul), Uruguai, Paraguai e Argentina. Vivem em córregos e rios.

 


Distribuição geográfica de Mikrotrichodactylus kensleyi. Imagem original Google Maps; dados de Magalhães C. In: Melo GAS. 2003.


Aparência

 

Lembram bastante os Trichodactylus petropolitanus, em especial na morfologia da carapaça e padrão de espinhos, mas são menores, cerca de metade do tamanho dos T. petropolitanus. Como estes, têm cefalotórax de altura média, arredondado e irregular. Olhos pequenos, antenas curtas. Grandes quelípodos, assimétricos nos machos. Pernas dispostas lateralmente. Geralmente de cor parda, castanho ou esverdeada.

Como os demais Trichodactylus e Mikrotrichodactylus, mostram segmentação de todos os somitos abdominais, sem fusão. De forma idêntica ao T. petropolitanus, possuem três dentes grandes e acuminados na borda ântero-lateral da carapaça, eqüidistantes, o mais posterior em posição mediana.

Além do tamanho, pode ser diferenciado do T. petropolitanus pela sua distribuição geográfica, embora na bacia do rio Paraná haja alguma sobreposição. Nesta bacia, o M. kensleyi tende a ocupar o baixo Paraná, enquanto o T. petropolitanus ocupa o alto Paraná. Seus gonópodo é distinto, mas não pode ser examinado em animais vivos. Outras diferenças importantes são no aspecto do telso do macho (luniforme de base um pouco estreita no kensleyi, e subtriangular de base larga no petropolitanus), e a presença de um forte espinho curvo no ângulo orbital interno (vista ventral) no kensleyi.

Duas características não tão conspícuas, mas mais fáceis de serem vistas pelo leigo é o aspecto mais “peludo” das pernas ambulatórias (veja fotos), e o carpo das garras com forte espinho.

 


Mikrotrichodactylus kensleyi macho, coletado próximo a Itacurubí de la Cordillera, em Cordillera, Paraguai. Falta uma quela e um membro ambulatório direitos. Note o padrão de dentes da carapaça. Fotos de Ulf Drechsel.



Mikrotrichodactylus kensleyi fêmea, coletada próximo a Itacurubí de la Cordillera, em Cordillera, Paraguai. Veja o abdomen mais largo. Fotos de Ulf Drechsel.


Parâmetros de Água

 

Baseados nos sítios de coleta, os parâmetros de água incluem um pH por volta de 7,0 a 8,0, água moderadamente dura e temperatura entre 20 e 28° C.

 

Dimorfismo Sexual

 

Como todo caranguejo, pode ser feita facilmente através da análise do abdômen, o macho possui abdômen estreito, e a fêmea, abdômen largo, onde fixa seus ovos. Machos adultos também possuem garras maiores e mais robustas, uma delas mais desenvolvida (heteroquelia).


Reprodução

Todo seu ciclo de vida se dá em água doce. Não há informações disponíveis sobre a sua reprodução, acredita-se que seja semelhante a outros Mikrotrichodactylus, produzindo poucos ovos de grandes dimensões, com desenvolvimento pós-embrionário direto, e cuidado parental. Na eclosão são liberados indivíduos já com características semelhantes ao adulto.

 

Comportamento

 

São animais aquáticos, não necessitando vir à superfície para respirar. São pequenos e pacíficos, com relatos de sucesso na manutenção destes animais em aquários comunitários. Pelas suas pequenas dimensões, deve-se atentar somente ao risco de predação por outros animais. Pode se alimentar de plantas com folhas mais tenras.

Têm hábitos noturnos, especialmente os adultos, e costumam ficar entocados até anoitecer. Preferem aquários de fundo arenoso, com muitas tocas e esconderijos.

Como os demais crustáceos, tornam-se vulneráveis após a ecdise, e podem ser predados por outros animais. Por este motivo, nesta época permanecem entocados, até a solidificação completa da carapaça.

 

Alimentação

 

Não são nada exigentes quanto à alimentação, comendo desde algas, animais mortos a ração dos peixes.

 

 




Mikrotrichodactylus kensleyi em um aquário comunitário, imagens cedidas por Juliano Tortelli, inclusive a primeira imagem do artigo. Na primeira imagem (topo da página) pode se perceber a grande semelhança desta espécie com o Trichodactylus petropolitanus. Porém, vejam o aspecto "peludo", cheio de cerdas  das pernas desta espécie, um dos sinais que permitem sua diferenciação.




Bibliografia:

  • Magalhães C. Famílias Pseudothelphusidae e Trichodactylidae. In: Melo GAS. Manual de Identificação dos Crustacea Decapoda de água doce do Brasil. São Paulo: Editora Loyola, 2003.
  • Rodríguez G. The Freshwater Crabs of America: Family Trichodactylidae and Supplement to the Family Pseudothelphusidae. Paris, Editions ORSTOM, 189p. 1992 (Collection Faune Tropicale 31).
  • Carvalho EAS de. Sistemática e revisão taxonômica dos caranguejos de água doce do gênero Trichodactylus Latreille, 1828 (Decapoda: Trichodactylidae) [tese]. Ribeirão Preto: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto; 2018.

 

 

Agradecimentos especiais ao amigo aquarista Juliano Tortelli e a Ulf Drechsel pela cessão das fotos para o artigo. Ulf coordena o website e banco de dados  Paraguay Biodiversidad , sobre a fauna e flora do Paraguai.

 
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