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"Poppiana argentiniana"  
Artigo publicado em 09/05/2020, última edição em 17/07/2022  



Caranguejo de Água Doce – Poppiana argentiniana

 

 

 

Nome em português: Caranguejo de água doce, Caranguejo de rio.
Nome em inglês: -
Nome científico: Poppiana argentiniana Rathbun, 1905

Origem: Centro da América do Sul
Tamanho: carapaça com largura de 4,5 cm
Temperatura: sem dados
pH: sem dados

Dureza: sem dados
Reprodução
: especializada, todo ciclo de vida em água doce
Comportamento: agressivo
Dificuldade: fácil

 

 

Apresentação

 

Poppiana argentiniana é uma espécie de caranguejo dulcícola com ampla distribuição na região central da América do Sul. No Brasil mostra ocorrência ampla junto à sua fronteira com os países vizinhos ao centro-sul. São caranguejos totalmente aquáticos, de hábitos noturnos.

Não têm importância em aquarismo, por serem agressivos e sem colorido exuberante. Mas é um importante componente da cadeia trófica de ambientes dulcícolas nestas regiões, no Pantanal já foram identificados até em estômagos do Sapo Cururu.

Etimologia: Poppiana é uma homenagem ao Dr. Egon Popp, na ocasião, chefe da Coleção Zoológica do estado da Baviera, em Munique (Alemanha). E argentiniana significa habitante da Argentina, onde foi coletado o espécime-tipo (Chaco de Santa Fé).

 

 

 

Origem

            O caranguejo Poppiana dentata é encontrado na região central da América do Sul, com ocorrência registrada na Bolívia, Paraguai, Argentina e Brasil. Forma uma ampla faixa de distribuição próximo à fronteira brasileira com seus vizinhos ocidentais, além de um foco disjunto amazônico. Ocorre nas bacias amazônica, dos rios Beni (Bolívia), Paraguai e baixo Paraná. No Brasil é encontrado nos estados do AM, PA, MT e RO.

Vivem em rios e lagos, em geral associada a vegetação aquática e serrapilheira submersa.

 



Distribuição geográfica de Poppiana argentiniana. Imagem original Google Maps; dados de Magalhães C. In: Melo GAS. 2003.

 

Aparência

 

Cefalotórax de altura média, arredondado e convexo. Olhos pequenos, antenas curtas, margem frontal lisa e bilobada. Grandes quelípodos, assimétricos nos machos, pernas dispostas lateralmente. Médio porte, carapaça mede até 4,5 cm de largura.

Existem duas famílias de caranguejos de água doce no Brasil: Trichodactylidae e Pseudothelphusidae. Os primeiros podem identificados por dois detalhes: dáctilos com pêlos (ao invés de espinhos, daí seu nome), e segundo maxilópode. 

Dentro da família, existem diversos caranguejos que historicamente eram classificados como Dilocarcinus, e posteriormente separados em outros gêneros, GoyazanaFredilocarcinusMoreirocarcinus Poppiana, baseados principalmente no aspecto do gonópodo. Quase todos são praticamente idênticos numa visão dorsal, indistinguíveis para o leigo (com poucas exceções, como P. dentata). Todos possuem carapaça suborbicular, convexa, com região frontal bilobada e lisa (exceto P. dentata). Margem ântero-lateral com seis a sete dentes agudos, além do dente orbital (poucas exceções, como Poppiana argentinianaF. apyratii com 6, e M. laevifrons com 7-8).

Numa visão ventral do abdômen, os Goyazana podem ser separados com facilidade, pela ausência de fusão dos somitos. Os demais têm fusão parcial dos somitos, III-VI. O Dilocarcinus pagei pode ser identificados com relativa facilidade pela presença de uma carena transversal elevada na borda anterior do terceiro segmento abdominal, em ambos sexos. Os demais não possuem esta carena, inclusive D. septemdentatus. Dentro do gênero, o P. argentiniana é facilmente distinguido do P. dentata devido à margem frontal lisa, mas indistinguível do P. bulbifer sem a análise do gonópodo e palpos maxilares.

A coloração pode auxiliar, embora não seja totalmente confiável. Quase todos os D. pagei G. castelnaui têm uma cor avermelhada intensa, enquanto os demais (inclusive D. septemdentatustêm cor mais variável, amarelada, parda ou até cinza-azulada, podendo ser avermelhados também.   

 

 

 

 



Poppiana argentiniana, fotografado em Las Palmas, Paraguai. Imagens gentilmente cedidas por Ulf Drechsel (PyBio - Paraguay Biodiversidad).




Parâmetros de Água

 

Há poucas informações, mas devido à ampla distribuição, provavelmente trata-se de uma espécie robusta, adaptável a diversos parâmetros.

 


Dimorfismo Sexual

 

Como todo caranguejo, pode ser feita facilmente através da análise do abdômen, o macho possui abdômen estreito, e a fêmea, abdômen largo, onde fixa seus ovos. Machos adultos também possuem garras maiores e mais robustas, uma delas mais desenvolvida (heteroquelia).











Poppiana argentiniana
, fotografado em Zona Montelindo, Villa Hayes, Paraguai. Imagens gentilmente cedidas por Ulf Drechsel (PyBio - Paraguay Biodiversidad).




Reprodução


Todo seu ciclo de vida se dá em água doce. Acredita-se que tenham um padrão semelhante a outros tricadactilídeos próximos, produzindo poucos ovos de grandes dimensões, e apresentando desenvolvimento pós-embrionário direto, onde as fases larvais completam-se ainda dentro do ovo. Assim, na eclosão são liberados indivíduos já com características semelhantes ao adulto.





Poppiana argentiniana, exemplar identificado em conteúdo estomacal de Sapo Cururu (Rhinella diptycha), coletado na região do Pantanal, Cáceres, MT. Imagem gentilmente cedidas por Vancleber Divino Silva-Alves.



Comportamento

 

Não há dados, sabe-se que são animais totalmente aquáticos, não necessitando vir à superfície para respirar. Como os demais crustáceos, tornam-se vulneráveis após a ecdise, e podem ser predados por outros animais. Por este motivo, possivelmente nesta época permanecem entocados, até a solidificação completa da carapaça.


 


Alimentação

 

Não há dados, mas acredita-se que sejam onívoros, como as demais espécies próximas, pouco exigentes em termos de alimentação.

 

 




Bibliografia:
  • Magalhães C. Famílias Pseudothelphusidae e Trichodactylidae. In: Melo GAS. Manual de Identificação dos Crustacea Decapoda de água doce do Brasil. São Paulo: Editora Loyola, 2003.
  • Rodríguez G. The Freshwater Crabs of America: Family Trichodactylidae and Supplement to the Family Pseudothelphusidae. Paris, Editions ORSTOM, 189p. 1992 (Collection Faune Tropicale 31).
  • Magalhães C, Türkay M. Taxonomy of the Neotropical freshwater crab family Trichodactylidae. I. The generic system with description of some new genera (Crustacea: Decapoda: Brachyura). Senckenbergiana Biologica, 75 (1/2): 63–95.
  • Magalhães C, Türkay M. (2008) Taxonomy of the Neotropical freshwater crab family Trichodactylidae, IV. The genera Dilocarcinus and Poppiana (Crustacea, Decapoda, Trichodactylidae). Senckenbergiana biologica 88(2): 185–215.
  • Bott R. (1969) Die Süßwasserkrabben Süd-Amerikas und ihre Stammesgeschichte. Eine Revision der Trichodactylidae und der Pseudothelphusidae östlich der Anden (Crustacea, Decapoda). Abhandlungen der Senckenbergischen Naturforschenden Gesellschaft 518: 1–94.
  • César II, Damborenea C. Catalogue of the specimens of Trichodactylidae (Crustacea, Brachyura) housed in the Museo de La Plata, Argentina. 2015. Rev. Museo La Plata, Sección Zoología 25 (184): 1-13.
  • Cumberlidge, N. 2008. Poppiana argentiniana. The IUCN Red List of Threatened Species 2008: e.T134706A4001389.
  • Silva-Alves VD, Canale GR, da Costa TM, Muniz CC, dos Santos Filho M, Silva DJ. Record of the crabs Poppiana argentiniana (Rathbun, 1905) and Valdivia camerani (Nobili, 1896) in the diet of Rhinella diptycha (Cope, 1862) (Anura: Bufonidae), in the Pantanal Mato-Grossense, Brazil. 2020. Herpetology Notes 13, 309-312.

 


Agradecimentos aos zoólogos Vancleber Divino Silva-Alves e Ulf Drechsel (Paraguai) por permitir usar suas fotos no artigo. Dr. Drechsel mantêm um site educativo sobre a biodiversidade do seu país,  Paraguay Biodiversidad .
 
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