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"Pomacea glauca"  
Artigo publicado em 09/03/2013, , última edição em 02/09/2023  

Pomacea (Effusa) glauca

(Linné, 1758)




A Pomacea glauca é uma espécie sul-americana de Ampulária, é importante por ser o representante principal de outro sub-gênero, Effusa. Achava-se que estas espécies fossem filogeneticamente mais afastadas das demais espécies de Pomacea, e mais próximas aos Marisa e Asolene, devido às suas características conquiliológicas, mas isto não se confirmou após análises genéticas.


Na nova classificação cladística proposta, é a espécie arquetípica do clado glauca-effusa. Esta ampulária mostra uma grande diversidade morfológica, com diversas subespécies, as mais importantes são gevesensis, luteostoma, oronocensis e crocostoma.


São ampulárias de pequenas dimensões, distribuídas no extremo norte da Bacia Amazônica, no Brasil é encontrado somente nos estados AM e RR, e um pequeno foco no RJ. Bastante abundantes nestas localidades, são chamadas popularmente de “cuiba” na Amazônia brasileira, Venezuela e Colômbia. Em muitos países, são usados como agentes biológicos de controle no combate ao caramujo vetor da esquistossomose.




Pomacea glauca, espécime brasileiro coletado sobre a vegetação, em um pequeno racho próximo de Balbina (AM), mede cerca de 25 mm. Fotos de Bill Frank.


Concha: Há grande variação, em geral o aspecto da concha lembra bastante os demais Ampularídeos, com aspecto globoso e suturas profundas. A abertura da concha é arredondada, com lábios espessos, e possui um umbilicus amplo e profundo. Mede até cerca de 70 mm de altura, geralmente menores, entre 40~50 mm. No padrão mais comum, possui uma concha em tons mais claros do que outras espécies, variando de amarelo, verde-oliva a marrom. Geralmente apresentam um padrão de bandas grossas e bem definidas, de cor marrom escura ou marrom-avermelhada, mas existem grupos com bandas mais indistintas. O lábio é branco, com algumas tênues estriações avermelhadas, eventualmente amarelado. Seu aspecto geral lembra os Asolene, até a pouco se achava que fossem espécies próximas.  



Variações na concha de Pomacea glauca, o primeiro espécime é da Guiana, mede 43 mm. O segundo é de Guadalupe, e mede 47 mm. Fotos gentilmente cedidas pela Associação Francesa de Conquiliologia.






Pomacea glauca, exemplar venezuelano no aquário. Fotos de Jose Rafael Vergara Jimenez.



Corpo: Cor creme, cinza claro a marrom, com manchas pigmentadas negras na porção superior do corpo.



Pomacea glauca, fotografado em Saint Laurent, Guiana. O exemplar da primeira foto do artigo também é da mesma localidade. Fotos gentilmente cedidas pela Associação Francesa de Conquiliologia.


Reprodução:

Ovos: Os ovos têm uma coloração verde. São depositados acima da linha d´água, e são firmemente aderidos um ao outro, com um aspecto compacto e prismático. A reprodução ocorre nas estações chuvosas.



Ovos de Pomacea glauca, fotografado na Guiana. Foto gentilmente cedida pela Associação Francesa de Conquiliologia.



Ovos de Pomacea glauca, fotografado em Guadalupe. Foto de Claudine e Pierre Guezennec.





Pomacea glauca, animais da Venezuela criados em aquário. Na segunda e terceira fotos, ovos depositados na luminária. Fotos de Eduardo Ruh.


Alimentação: Estes caramujos devoram quase todo tipo de planta, com poucas exceções como Musgo de Java. Desta forma, não são absolutamente indicados para aquários plantados. Quase não se alimentam de algas verdes.



Pomacea glauca, fotografado em Saint Laurent, Guiana. Foto gentilmente cedida pela Associação Francesa de Conquiliologia.



Várias cobnchas de Pomacea glauca, fotografado em Guadalupe. Foto de Claudine e Pierre Guezennec.


Comportamento: animal anfíbio, passa o dia submerso e oculto em meio à vegetação próximo às margens e superfície. Mais ativo durante a noite, regularmente sai da água procurando plantas frescas e outros alimentos.





Pomacea glauca no seu habitat, fotografado em Saint Laurent, Guiana. Fotos gentilmente cedidas pela Associação Francesa de Conquiliologia.




Distribuição geográfica de Pomacea glauca no Brasil. Imagem original Google Maps; dados das referências bibliográficas abaixo.



Habitat e distribuição: Pomacea glauca é encontrada no Caribe insular, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Colômbia, Bolívia e Brasil. No Brasil, a ocorrência desta espécie é registrada somente nos estados do Roraima e Amazonas, além de um pequeno foco de ocorrência no Rio de Janeiro (RJ), no Campus de Manguinhos, Fundação Oswaldo Cruz. Este último é muito provavelmente uma distribuição não-nativa, como espécie exótica.



 

 








Bibliografia adicional:

  • Simone LRL. 2006. Land and Freshwater Molluscs of Brazil. EGB, Fapesp. São Paulo, Brazil. 390 pp.
  • Cowie RH, Thiengo SC. (2003): The apple snails of the Americas (Mollusca: Gastropoda: Ampullariidae: Asolene, Felipponea, Marisa, Pomacea, Pomella): a nomenclatural and type catalog. Malacologia, 45: 41-100.
  • Alderson EG. Studies in Ampullaria. W. Heffer & Sons, Cambridge 1925
  • Cazzaniga NJ. 2002. Old species and new concepts in the taxonomy of Pomacea (Gastropoda: Ampullariidae). Biocell, 26(1): 71-81.
  • Hayes K. A., Cowie R. H. & Thiengo S. C. (2009). A global phylogeny of apple snails: Gondwanan origin, generic relationships, and the influence of outgroup choice (Caenogastropoda: Ampullariidae). Biological Journal of the Linnean Society 98(1): 61-76.
  • Fernandez MA, Thiengo SC, Boaventura MF. Gastrópodes límnicos do Campus de Manguinhos, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 2001 June; 34(3): 279-282. 
  • http://www.conchasbrasil.org.br/



Esta ficha foi adaptada do portal  applesnail.net , possivelmente o melhor banco de dados de Ampulárias que existe na internet. Agradecimentos a Stijn Ghesquiere, responsável pelo portal, por permitir o uso do material. Agradecemos também aos aquaristas venezuelanos Eduardo Ruh e Jose Rafael Vergara Jimenez, a Bill Frank ( Jacksonville Shell Club ), a Claudine e Pierre Guezennec ( Zoom Guadeloupe ), e aos colegas da  Associação Francesa de Conquiliologia (AFC)  pela cessão das fotos para o artigo. Finalmente, agradecemos ao malacologista Aisur Ignacio Agudo-Padrón pela consultoria técnica.

 
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