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"Pomella sinamarina"  
Artigo publicado em 10/03/2013, última edição em 13/06/2020  

Pomella (Surinamia) sinamarina

(Bruguière, 1792)




Esta espécie de Ampulária possui uma história taxonômica complicada... Inicialmente foi descrita como Bulimus, para então ser classificada como uma ampulária, gênero Ampullaria. Já dentro da família, foi re-classificada como Asolene, originalmente um grande e heterogêneo grupo de ampulárias com sifão respiratório curto e ovoposição submersa. Então, foi re-classificada como Pomella, que é o gênero mais aceito desta espécie hoje, sendo a única espécie conhecida do sub-gênero Surinamia.

Entretanto, mesmo dentre os Pomella, esta espécie é bem distinta das duas outras espécies de Pomella sensu strictu. Sua concha é diferente, assim como sua distribuição geográfica. E trabalhos moleculares recentes têm sugerido que o P. megastoma (e provavelmente P. americanista) devam ser incluídas no gênero Pomacea.

Ainda não existem análises genéticas do Pomella sinamarina, mas é possível que num futuro próximo Surinamia seja aceito como um gênero, ao invés de um sub-gênero.


Pomella sinamarina, síntipo no Muséum national d'Histoire naturelle, Paris, identificado como Pomella schrammi (Crosse, 1876). Foto de Kenneth Hayes.

 

A Pomella sinamarina é uma espécie bem peculiar de Ampulária, com um padrão rugoso e esculturado da concha que não é encontrado em nenhuma outra espécie, lembrando bastante os indo-asiáticos Paludomus. É encontrado no extremo norte da Bacia Amazônica, no Brasil é reportado somente no norte do Amazonas.



Pomella sinamarinacoletado na Guiana, mede cerca de 44 mm. Fotos gentilmente cedidas pela Associação Francesa de Conquiliologia.


Concha

Mostra uma concha espessa e pesada, diferente das Pomacea. Tem aspecto globoso, com ombros arredondados e pouco pronunciados. Suturas rasas, semelhante ao Pomacea diffusa. Uma característica marcante da sua concha é a ausência de calo parietal. Concha bastante esculturada e granulada, com um aspecto grosseiramente estriado, linhas axiais e radiais bem demarcadas, um padrão único entre os ampularídeos. O tamanho médio da sua concha é de 45 mm de altura.

Coloração verde oliva escuro, mais claro na espira, com linhas verticais de crescimento claramente marcadas em tons vermelho-ferruginosos na porção anterior da concha, ocasionalmente precedidas por tons alaranjados. Cor verde-amarelada em indivíduos jovens. Lábio e região columelar branco-leitosos, o lábio distintamente margeado por uma orla marrom escura, e a columela de laranja. Interior da concha em tons azulados ou avermelhados.

Indivíduos adultos costumam ter bastante erosão nas suas conchas, muitas vezes com perda completa da região apical, talvez devido ao seu habitat, bastante expostos a atrito e abrasão com o substrato.





Pomella sinamarina, fotografado em Sinnamary, Guiana Francesa. Mede cerca de 45 mm. Fotos gentilmente cedidas pela Associação Francesa de Conquiliologia.



Opérculo:
O opérculo é fino e escuro, profundamente côncavo na face externa. É pequeno em relação ao tamanho da abertura.

Corpo: Cor escura, bastante pigmentada, principalmente na região dorsal. Sifão curto, como os demais Pomella.






Pomella sinamarina no seu habitat, fotografado em Sinnamary, Guiana Francesa. Fotos gentilmente cedidas pela Associação Francesa de Conquiliologia.




Distribuição geográfica de Pomella sinamarina no Brasil. Imagem original Google Maps; dados das referências bibliográficas abaixo.



Habitat e distribuição: 

Pomella sinamarina é encontrada na região extremo-norte da Bacia Amazônica, na Guiana, Guiana Francesa, Brasil e Suriname. No Brasil, há registros da sua ocorrência somente no norte do estado do AM. Assim como as espécies de Pomella austrais, habitam locais com maior correnteza do que as Pomaceas, firmemente aderidas às rochas. 




 

 






Pomella sinamarina, fotografados em Maroni, na Guiana Francesa. Fotos de Julien Bonnaud.




Bibliografia adicional:

  • Simone LRL. Comparative morphology and phylogeny of representatives of the superfamilies of architaenioglossans and the Annulariidae (Mollusca, Caenogastropoda). Arquivos do Museu Nacional, 2004,62(4):387-504.
  • Alderson EG. Studies in Ampullaria. W. Heffer & Sons, Cambridge 1925
  • Cowie RH, Héros V. Annotated catalogue of the types of Ampullariidae (Mollusca, Gastropoda) in the Muséum national d'Histoire naturelle, Paris, with lectotype designations. Zoosystema, 34(4):793-824. 2012.
  • Hayes KA, Cowie RH, Jørgensen A, Schultheiß R, Albrecht C, Thiengo SC. Molluscan Models in Evolutionary Biology: Apple Snails (Gastropoda: Ampullariidae) as a System for Addressing Fundamental Questions. American Malacological Bulletin 27(1-2):47-58. 2009.
  • Geiskes DC, Pain T (1957). Suriname freshwater snails of the genus Pomacea. Studies on the Fauna of Suriname and other Guyanas 1: 41- 48, pls. 9-10.


Agradecimentos
aos colegas da  Associação Francesa de Conquiliologia (AFC) , a Julien Bonnaud (Guiana, visite sua galeria  aqui  ), e também ao Dr. Kenneth Hayes pelo uso do material fotográfico.


As fotografias de Kenneth Hayes estão licenciados sob uma  Licença Creative Commons . As demais fotos têm seu "copyright" pertencendo aos respectivos autores.

 
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