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"Pomacea guyanensis, nobilis"  
Artigo publicado em 26/07/2013, última edição em 20/11/2022  

Pomacea (Pomacea) guyanensis

(Lamarck, 1819)


Pomacea (Pomacea) nobilis
Reeve, 1856




Pomacea nobilis, fotografado em Iquitos, Peru. Foto de Don Howard Lawler.




Gastrópodes sendo vendidos em um mercado em Iquitos, Peru. À esquerda, caracóis terrestres Megalobulimídeos, e à direita grandes caramujos Pomacea nobilis. Imagem cedida por Bill Grimes.



São duas espécies de Ampulárias sul-americanas de grandes dimensões, espécies aparentadas e bastante próximas filogeneticamente. A maioria dos autores consideravam P. guyanensis como sendo sinônima da P. urceus, mas análises moleculares (2009) confirmaram se tratar de duas espécies distintas. Outro trabalho molecular com o marcador mitocondrial COI (2020) realizado por pesquisadores peruanos confirmaram a validade de P. nobilis, previamente considerada um sinônimo menor de P. guyanensis. Pertencem ao Clado “Effusa”, parentes do Pomacea glauca.

 









Criação comercial de Pomacea guyanensis na Venezuela. Fotos de Richard Asten.

 

Concha: São Ampulárias de grandes dimensões, com concha bastante globosa, umbilicus largo e profundo, espira baixa. Giros arredondados, suturas rasas, conchas com 4,5 a 6 voltas. Último giro corporal bastante amplo, abertura ovóide. Umbilicus estreito e profundo. Possuem conchas espessas (mas geralmente em menor grau do que P. urceus), com linhas de crescimento transversais bem pronunciados. Coloração bastante variável, amarela, verde-oliva, marrom a negra, raramente apresentam faixas. Columella (lábio interno) branco a vermelho. São idênticas à P. urceus, não sendo possível a distinção baseada na concha.

O tamanho destes caramujos varia de 125 a 145 mm de altura e 115 a 125 mm de largura. Juntamente com a Pomacea maculata, são as maiores espécies de Ampulárias, e as maiores espécies de gastrópodes de água doce.



Pomacea urceus Pomacea guyanensis, mostrando a semelhança das conchas. Fotos de Kenneth Hayes.




Pomacea nobilis, conchas de espécimes do Peru, dois primeiros exemplares de cocha Mullaca, Loreto, os dois últimos comprados em mercados de Belén e Bellavista, em Iquitos. A escala mede 3 cm. Foto extraída de Ramírez R, et al. Rev. peru. biol. 2020 (Licença Creative Commons).



Opérculo: O opérculo tem uma espessura média e um aspecto córneo. Sua estrutura é excêntrica com o núcleo mesomarginal. Cor marrom escuro. O opérculo pode ser retraído na abertura da concha, mas cobre somente 3/4 da área de abertura.

Corpo: A cor do corpo é granada escuro, quase chumbo-preto na região dorsal. O pé é amarelo creme. Quando em repouso, os tentáculos ficam enrolados sobre a concha.




Pomacea nobilis, exemplar fotografado no Rio Marañón, em cocha Mullaca, Loreto, Peru. Foto extraída de Ramírez R, et al. Rev. peru. biol. 2020 (Licença Creative Commons).



Reprodução: Pomacea guyanensis se reproduz de forma semelhante às demais Pomacea, depositando cachos de ovos em locais secos próximos aos corpos d´água onde vivem. Talvez seja a melhor forma de distingui-los da P. urceus, cujo padrão reprodutivo é completamente distinto. 









Criação comercial de P. guyanensis na Venezuela. Esta população foi criada em uma lagoa, com reprodução habitual, ovos depoistados em plantas marginais. Fotos de Richard Asten.



São bastante consumidos pelas populações locais, desde tempos ancestrais, sendo denominados localmente de "Churos". Em especial o P. nobilis é considerada uma iguaria no Peru, onde é criado em pequena escala e servido em restaurantes tradicionais, tanto em mercados populares quanto de alta gastronomia. São chamados de "Churos negros", para distingui-los de outros gastrópodes comestíveis, como outras Pomacea Megalobulimus.

Vivem em locais com secas periódicas, podendo entrar em estivação, enterrando-se no substrato seco por meses, semelhante à P. urceus. Porém, a reprodução não parece estar relacionada a estes períodos de seca. 









Pomacea guyanensis em aquário, fotos de Richard Asten.

 

Ovos: A coloração dos ovos é variável, podem ser brancos, alaranjados, e até verde pálido. Não há informações disponíveis sobre número ou dimensões dos ovos.


 




Pomacea nobilis à venda no Mercado de Belén, Iquitos (Peru). São usadas como alimento, chamadas localmente de "Churos negros". Fotos gentilmente cedidas por Don Howard Lawler.




Distribuição geográfica das três espécies de Pomacea no Brasil. Imagem original Google Maps; dados das referências bibliográficas abaixo.



Habitat e distribuição: Tem uma distribuição na região equatorial da América do Sul, sendo encontrado na Guiana e Guiana Francesa, Venezuela, Colômbia, Trinidad, Peru, Equador e Brasil. No nosso país, sua ocorrência é registrada somente nos estado do AM, PA e AP.



 

 

 








 

Bibliografia adicional:

  • Simone LRL. 2006. Land and Freshwater Molluscs of BrazilEGB, Fapesp. São Paulo, Brazil. 390 pp.
  • Hayes K. A., Cowie R. H. & Thiengo S. C. (2009). A global phylogeny of apple snails: Gondwanan origin, generic relationships, and the influence of outgroup choice (Caenogastropoda: Ampullariidae). Biological Journal of the Linnean Society 98(1): 61-76.
  • Cowie RH, Héros V. Annotated catalogue of the types of Ampullariidae (Mollusca, Gastropoda) in the Muséum national d'Histoire naturelle, Paris, with lectotype designations. Zoosystema Dec 2012: Vol. 34, Issue 4, pg(s) 793-824.
  • Cowie RH. The Golden Apple Snail: Pomacea species including Pomacea canaliculata (Lamarck, 1822) (Gastropoda: Ampullariidae) – Diagnostic Standard. Center for Conservation Research and Training, University of Hawaii. Sem data, 38 pp.
  • León AAA. Diferenciación morfológica de las especies de “Churo” (Mollusca, Caeno Gastropoda: Pomacea spp.) comercializadas en Iquitos. Disertación (Título Profesional de Biólogo con mención en Zoología) – Facultad de Ciencias Biológicas E.A.P de Ciencias Biológicas, Universidad Nacional Mayor de San Marcos. Lima, Perú, 2013.
  • http://www.conchasbrasil.org.br/
  • Hayes KA, Burks RL, Castro-Vazquez A, Darby PC, Heras H, Martín PR, Qiu JW, Thiengo SC, Vega IA, Wada T, Yusa Y, Burela S, Cadierno MP, Cueto JA, Dellagnola FA, Dreon MS, Frassa MV, Giraud-Billoud M, Godoy MS, Ituarte S, Koch E, Matsukura K, Pasquevich MY, Rodriguez C, Saveanu L, Seuffert ME, Strong EE, Sun J, Tamburi NE, Tiecher MJ, Turner RL, Valentine-Darby PL, Cowie RH. Insights from an Integrated View of the Biology of Apple Snails (Caenogastropoda: Ampullariidae). Malacologia, 2015, 58(1-2): 245-302.
  • Alderson EG. Studies in Ampullaria. W. Heffer & Sons, Cambridge 1925.
  • Ramírez R, Solis M, Ampuero A, Morín J, Jimenez-Vasquez V, Ramirez JL, Congrains C, Temoche H, Shiga B. Identificación molecular y relaciones evolutivas de Pomacea nobilis, base para la autenticación específica del churo negro de la Amazonia peruana. Rev. peru biol. 2020 Abr; 27(2): 139-148.
  • Linares EL, Lasso CA, Vera-Ardila ML, Morales-Betancourt MA. 2018. XVII. Moluscos dulceacuícolas de Colombia. Serie Editorial Recursos Hidrobiológicos y Pesqueros Continentales de Colombia. Instituto de Investigación de Recursos Biológicos Alexander von Humboldt. Bogotá, D. C., Colombia. 326pp.
  • Geiskes DC, Pain T (1957). Suriname freshwater snails of the genus Pomacea. Studies on the Fauna of Suriname and other Guyanas 1: 41- 48, pls. 9-10.
  • Pain T. Pomacea (Ampullariidae) of British Guiana. Proc. Malac. Soc. London, 28:63-74, 1950.
  • Ramírez R, Ramirez JL, Rivera F, Justino S, Solís M, Morín J, Ampuero A, Mendivil A, Congrains C. Do not judge a snail by its shell: molecular identification of Pomacea species (Gastropoda: Ampullariidae), with particular reference to the Peruvian Amazonian giant apple snail, erroneously synonymized with Pomacea maculata. Archiv für Molluskenkunde International Journal of Malacology. 2022. 151(1): 7-17.


Esta ficha foi adaptada do portal  applesnail.net , possivelmente o melhor banco de dados de Ampulárias que existe na internet. Agradecimentos a Stijn Ghesquiere, responsável pelo portal, por permitir o uso do material, ao portal  Conquiologistas do Brasil , por valiosas informações. Agradecemos também Kenneth HayesDon Howard Lawler (Peru) e a Bill Grimes ( Dawn on the Amazon pela cessão das fotos para o artigo. Agradecimentos especiais também a Richard Asten (Acuicola Miranda, Venezuela) pela cessão das fotos e preciosas informações. 


 As fotografias de Kenneth Hayes e aquelas extraídas de Ramírez R, et al. 2020 estão licenciadas sob uma Licença Creative Commons. As demais fotos têm seu "copyright" pertencendo aos respectivos autores.
 
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