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"Assiminea"  
Artigo publicado em 06/12/2014, última edição em 04/07/2015  



Assiminea

 

Assimineidae é uma família pouco estudada de pequeninos gastrópodes anfíbios, pertencendo à superfamília Truncatelloidea (previamente Rissooidea), chamadas eventualmente de “Caracol-sentinela”.

 

São animais anfíbios, comuns na região supralitorânea, em manguezais e estuários, encontrados em locais sombreados e úmidos sobre troncos, folhas, mais comuns junto à linha superior da maré. Eventualmente podem ser vistos submersos, mas são mais terrestres do que aquáticos. Outras espécies ocorrem em fontes de água doce, rios e riachos, ou em ambientes terrestres como florestas e áreas calcárias.

 

Cosmopolitas, mostram ampla distribuição nas regiões tropicais e temperadas do globo. Grande parte das espécies é encontrada na Ásia e Ilhas do Pacífico (o maior número de espécies descritas vem do Japão). No Brasil, há registros de somente uma espécie, Assiminea succinea (Pfeiffer, 1840), um gastrópode estuarino, encontrada na costa atlântica americana desde os EUA, com diversos registros no litoral brasileiro (BA, RJ, SP, SC). Em inglês, são chamados de “Atlantic Assiminea” ou “Salt Marsh Snail”.





Assiminea succinea, coletados em um estuário em Jacksonville, Duval County, Florida, EUA. Medindo cerca de 2 mm, as primeiras fotos mostram animais na natureza, pouco acima do nível d´água. Na imagem maior, pode ser vista também um Melampus bidentatus, com o qual dividia o habitat. Fotos de Bill Frank.







Assiminea cf. succinea, fotografado em Ubatuba, SP. Estavam em um canal de água doce marginal a uma estrada, a cerca de 400 metros da praia. Na última foto, junto a um Pomacea lineata. Fotos de Walther Ishikawa.


 

Porém, nos últimos anos surgiram alguns relatos de uma espécie desconhecidas, continental, coletada em locais distantes do litoral, em ambientes terrestres úmidos e de água doce. Existem registros em SC (veja bibliografia), e em SP (dados não publicados, algumas coletas realizadas pela equipe do site Planeta Invertebrados).

 

São muito pequenos, medindo alguns milímetros (Assiminea até 6 mm). Possuem concha globosa, oval-cônica, com giros arredondados, suturas indentadas e rasas, geralmente de cor acastanhada. Espiralização destra. Abertura oval, lábios espessos, fino opérculo córneo.

 

Corpo com áreas pigmentadas brancas e enegrecidas. A tromba larga geralmente tem uma distinta fenda anterior. Tentáculos cefálicos rudimentares, curtos e grossos, com olhos situados na sua extremidade. Pé curto com um sulco anterior.






Assiminea sp., fotografados em Flora Mariva, município de Indaial, norte de SC. Coletados em água doce, bacia do Rio Itajaí, em locais rasos, em troncos e rochas submersas, assim como entre vegetação marginal. Fotos de Luís Adriano Funez e Ana Elisa Zermiani.




Assiminea sp., fotografados no município de Indaial, norte de SC. Foram coletados longe da água, mas em locais bastante úmidos, em canteiros e pilha de descarte de jardinagem. Note a tromba larga e fendida. Curiosamente, o animal caminhava com movimentos de contração e extensão do pé, como uma lagarta. Foto de Luís Adriano Funez e Ana Elisa Zermiani.



 

São animais de hábitos noturnos, fototrópicos negativos. Detritívoros, alimentando-se de matéria orgânica no substrato onde vivem. Respiram ar diretamente através da cavidade do manto adaptada como estrutura pulmonar.








Assiminea sp., filhotes nascidos em cativeiro. Nas fotos podem ser vistas Chilinas e um bebê Physa, para referência de tamanho. Fotos de Walther Ishikawa.



 

Geralmente são dióicos, mas sem dimorfismo evidente. O padrão reprodutivo é bem conhecido na A. succinea. Suas cápsulas de ovos medindo 0,4 mm de diâmetro são depositadas individualmente em folhas mortas com uma fita adesiva. Apresentam desenvolvimento direto, sem fase de larva planctônica. A 20~23º, os filhotes nascem em 4~5 semanas, medindo cerca de 0,35 mm, pequenas miniaturas dos pais. Porém, outras espécies (como a européia A. grayana) nascem como véligers planctônicos.











Assiminea sp., fotografado nas margens do Rio Tietê, em Barra Bonita, SP. Estavam em locais parcialmente emersos, agrupados bem junto à linha d´água. Fotos de Walther Ishikawa.








Close dos animais, a primeira foto dá uma boa idéia das pequenas dimensões deste animal. Note os curtos tentáculos com olhos. Nas últimas fotos, também é visível o opérculo. Fotos de Walther Ishikawa.














Assiminea sp. em paludário. Embora bastante confortáveis dentro e fora da água, passam a maior parte do tempo emersos. Filhotes de Melanoides também são visíveis em algumas imagens. Fotos de Walther Ishikawa.











Assiminea sp., filhotes nascidos em cativeiro. Fotos de Walther Ishikawa.




Bibliografia adicional:
  • http://delta-intkey.com/britmo/www/assimine.htm
  • http://seashellsofnsw.org.au/Assimineidae/Pages/Assimineidae_Intro.htm
  • Tunnell JW, Andrews J, Barrera NC. Encyclopedia of Texas Seashells: Identification, Ecology, Distribution, and History. Texas A&M University Press, 2010 - 512 p.
  • Perez KE, Clark SA, Lydeard C. 2004. Freshwater Gastropod Identification Workshop: Showing your Shells. The Freshwater Mollusk Conservation Society of the University of Alabama, Tuscaloosa, AL.
  • Agudo-Padrón AI, Funez LA, Zermiani AE. First record of operculated amphibian snails "Assimineidae" in Santa Catarina State/SC, Central Southern Brazil region. FMCS Newsletter Ellipsaria, Illinois. 2013, 15(4): 34-37.
  • Agudo-Padrón AI, Luz JS, Funez LA, Zermiani AE. Nine new records to inventory of continental mollusc species from Santa Catarina State, Central Southern Brazil. Braz. J. Biol. Sci. 2014, vol. 1, n. 1, p. 15-20.
  • Ernst M. On brazilian supralittoral and brackish water snails. Bol. Inst. Oceanogr. 1963; 13(2): 41-52.
  • Miranda NA, van Rooyen R, MacDonald A, Ponder W, Perissinotto R. Genetics and shell morphometrics of Assimineids (Mollusca, Caenogastropoda, Truncatelloidea) in the St Lucia Estuary, South Africa. Zookeys. 2014 Jun 23;(419):73-86.
  • Agudo(-Padrón) AI, Bleicker MS. 2005. Malacofauna marinha catarinense: uma aproximação ao estado atual do conhecimento dos moluscos marinhos. I: Gastropda. Informativo SBMa, 36(151): 3-7.
  • Agudo(-Padrón) AI, Bleicker MS, Saalfeld K. 2009. Recent marine molluscs of Santa Catarina State, SC, Southern Brazil region: A comprehensive synthesis and check list. VISAYA Net, 24: 1-17.
  • Rios EC. 2009. Compendium of Brazilian Sea Shells. Rio Grande, RS: Evangraf, 668 p.

 

 

Agradecimentos especiais aos biólogos catarinenses Luís Adriano Funez e Ana Elisa Zermiani, e também a Bill Frank ( Jacksonville Shell Club ), que permitiram o uso do seu material fotográfico. Agradecemos também ao malacologista A. Ignacio Agudo-Padrón pelo auxílio na identificação e valiosas informações.


As fotografias de Walther Ishikawa estão licencidas sob uma  Licença Creative Commons . As demais fotos têm seu "copyright" pertencendo aos respectivos autores.

 
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