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Ampulárias no controle de Alga Peteca
 
Leonardo Carvalho - Pomacea diffusa: Uma alternativa no controle de Algas Petecas


Pomacea diffusa - Uma alternativa no controle de Algas Petecas (Black Beard Algae - BBA)


Texto e imagens de Leonardo Carvalho


Antes que os hobbystas pensem que as Pomacea diffusa serão a solução para todo aquário infestado de algas petecas, vale a pena lembrar que existem muitas variedades destas algas. Ao menos na variante de algas petecas que possuo em meu aquário, estes animais se mostraram bastante eficientes no controle destas famigeradas algas. A idéia é testar futuramente a eficiência das Pomacea diffusa também no controle de outras variantes de algas petecas, mas o texto e fotos a seguir serão apenas das que atormentavam o layout do meu aquário principal.


Iniciarei comentando sobre a minha experiência com as algas petecas. Há muitos anos essa variedade de alga permanece em meus aquários, o que de certa forma limita qualquer layout com plantas, troncos e etc., pois elas se alastram por toda parte. Durante esses anos tentei várias soluções informadas em fóruns conceituados, e no meu caso, ou o tratamento era paliativo, ou necessitaria de injeção de CO2 (não uso no meu aquário principal), ou, por ter um aquário de tamanho médio (275 litros) acabariam tornando bastante caro a médio-longo prazo outras soluções, pois o aquário ficaria dependente dela.


Com o passar dos anos, e a permanência delas no aquário, acabei limitando o aquário principal a algumas plantas que as algas petecas tivessem dificuldade de ficar aderidas rapidamente, utilizando plantas como Hygrophila polysperma. E quando os troncos ficavam com muitas algas petecas, removia esses troncos para fazer tratamentos externos neles e depois retornava para o aquário. Era um paliativo que durava pouco tempo, e depois todo o processo tinha que ser feito novamente. Essas algas são difíceis de se ver livres totalmente porque, segundo relatos, qualquer esporo dela que sobrar no aquário pode fazê-la se alastrar novamente, além da possibilidade de esporos serem introduzidos em plantas novas, e (alguns aquaristas acreditam) até mesmo na água de reposição durante as TPAs. Existem vários fatores que se acredita influenciar no aparecimento delas, mas essas informações vocês encontram nos diversos fóruns que debatem sobre o tema.


Prosseguindo meu relato, no ano de 2014 voltei a manter Pomacea diffusa, e montei um aquário onde habitavam apenas elas, Neritinas, e Camarões Malawa.

 

Foto do aquário de Pomacea diffusa, Neritinas e Camarões Malawa em 2015:



Foto da fauna:




Desde o início essa montagem não apresentou algas petecas, enquanto meu aquário principal de Discos permanecia com elas alastradas em diversas partes, mesmo utilizando o mesmo material durante as manutenções em ambos os tanques. Durante esse tempo mantive ambos os aquários com uma rotina de manutenções semanais, e permaneciam da mesma forma: o de Pomacea diffusa, Neritinas e Camarões Malawa sem a presença visível das algas petecas, e o principal de Discos com elas em muitos locais.


Foi quando no inicio do ano de 2016 tive um acidente, infelizmente o aquário das Pomacea descolou um dos vidros, boa parte da água vazou e precisei desmontá-lo, além de perder praticamente todos os Camarões Malawa que habitavam junto com as Pomacea diffusa.


Apos essa desmontagem tive que passar as Pomacea diffusa pro aquário dos Discos. Foi a partir de fevereiro, já com elas no aquário dos Discos, que percebi que ainda não havia precisado tirar os troncos do aquário para fazer o tratamento externo removendo as algas petecas. Estou escrevendo esse relato em abril de 2016, e até agora não necessitei remover os troncos do aquário.


Durante esse período comentei com outros hobbystas a minha surpresa de que fazia tempo que não precisava tratar o aquário para diminuir as algas petecas, e comecei a observar que elas permaneciam apenas em áreas de difícil acesso, como na ponta das plantas Microsorum “narrow leaf” e saída da flauta do canister. Mas em outras áreas elas estavam “aparadas” ou inexistentes. Como notei essa redução das algas, alterei o layout do aquário e voltei a inserir plantas que antes havia deixado de utilizar, como Anubias e as Microsoruns, justamente pela rapidez com que as petecas se fixavam nas suas folhas. Durante todo esse período as algas não se alastraram em cima dessas plantas, exceto em algumas pontas de Microsoruns. Como a maioria das minhas Pomacea diffusa são grandes pensei na possibilidade delas não alcançarem esses pontos, e como não tive ainda mais desovas e reproduções de novas Pomaceas, não pude inserir exemplares menores que alcançariam as pontas de algumas dessas folhas.





Depois de todo esse texto introdutório, longo, mas que explica porque resolvi testá-las como controladoras de algas petecas.


Visto que a diminuição delas foi algo bem significativo no meu aquário principal, resolvi inicialmente separar 2 exemplares de Pomacea diffusa e colocá-las em um pote juntamente com um pouco das algas petecas que removi do meu aquário principal, de áreas onde elas não conseguiam chegar, como a saída da flauta do canister e descida do filtro externo.


A partir de agora deixo mais fotos do primeiro experimento:


Fotos do primeiro dia com as algas e as 2 Pomacea diffusa:

 

 

Foto do terceiro dia, já se nota matéria orgânica e o um pouco da redução de algas petecas:




Foto da matéria orgânica removida:



Foto do mesmo dia já com a remoção da matéria orgânica, mostrando mais claramente as algas remanescentes:



Matéria orgânica removida e pote com Ampulárias e algas petecas:


Quarto dia:


Quinto dia - matéria orgânica removida e pote delas:



Oitavo dia, já praticamente sem algas:




Uma foto comparando o primeiro dia do experimento e o oitavo:




Após esse teste inicial resolvi fazer um novo experimento, agora com mais Pomacea diffusa e utilizando um aquário pequeno, algas petecas e uma das folhas de Microsorum que cortei do meu aquário, porque queria conseguir filmá-las no momento que se alimentavam das petecas, já que pelas fotos poderia haver alguma dúvida se eram realmente elas que estavam controlando essas algas.


As próximas fotos mostram melhor a variação de alga peteca que possuo em meus aquários, para que outros aquaristas possam conferir se são as mesmas que possuem em seus aquários. Como citei no inicio do texto, para essa variedade de petecas, até o momento as Ampulárias se mostraram bastante eficientes em controlá-las.


Fotos do primeiro dia, folha de Microsorum com petecas e petecas soltas:






Alga peteca:




Algas petecas e folha de Microsorum inserida no aquário de testes, junto com uma pedra para mantê-la no mesmo lugar:


 

Pomaceas que foram pro aquário de testes:



Visão de cima do aquário com a folha da Microsorum e as algas petecas:


 

Foto de cima, com as Pomacea diffusa já inseridas no aquário:



Segundo dia: foto da matéria orgânica removida. Na foto também é possível notar grãos de areia que elas expeliram, são do aquário principal onde elas estavam:


 

Terceiro dia: é possível reparar que a folha da Microsorum não apresenta mais algas:






Quarto dia, já houve uma redução significativa no numero de algas inseridas. Visão de cima:




Visão frontal:


 

Matéria orgânica removida:



Foto comparativa entre o primeiro dia e o quarto dia do experimento:





Como o segundo teste era pra conseguir filmá-las em ação, deixo alguns vídeos com elas se alimentando das algas:










Uma informação importante sobre as minhas Pomacea diffusa: embora diga-se que estes caramujos não comem plantas, dentre as plantas que utilizei em meus aquários, algumas variações de Myriophyllum foram atacadas pelas Pomacea. Em aquários densamente plantados talvez essa “aparada” nas Myriophyllum não tenha tanta diferença. Vi também algumas mordiscadas nas Polyspermas. Visto o controle que elas fizeram em meus aquários, na minha opinião, esse é um problema bem menor.


Outra observação importante é que, se a idéia é usar as Ampulárias para controlar algas petecas, deve-se sempre respeitar as condições exigidas por estes animais. Lembrando que um pH muito baixo, água muito mole e injeção de CO2 levam a erosão da sua concha, comprometendo a saúde do animal. Isso ocorre especialmente em aquários com substrato abrasivo ou com arestas pontiagudas. Estes caramujos são predados por vários peixes como Bótias e Mocinhas, e diversos outros peixes gostam de mordiscar suas antenas e sifão, ou seja outro cuidado que se deve ter é com a fauna do aquário.

 


Deixo aqui fotos do meu aquário quando as petecas permaneciam sem um controle eficiente, a primeira foto é antiga, com outro layout, mas mostra o aspecto do aquário na época, cheia de algas, e deixo também a foto de como está o aquário neste momento:


Nessa foto dá pra notar as petecas alastradas nos troncos e plantas. No caso das plantas da região da frente não se notam algas, pois fazia tratamento externo nelas. Essa é uma foto de 2013:



Foto de 2016, maioria das algas petecas "aparadas" ou inexistentes:






 

Espero que este relato seja útil aos hobbystas!



Nós da equipe do Planeta Invertebrados agradecemos o amigo aquarista Leonardo Carvalho por permitir a publicação do seu artigo e imagens no nosso portal. Leonardo é um antigo colaborador do nosso site, e acreditamos que este importante relato possa ajudar vários colegas hobbystas que há muitos anos combatem estas terríveis algas nos seus aquários.

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