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Chave de identificação de Toxorhynchites
 
Chave de identificação de Mosquitos-elefante (Toxorhynchites)


Toxorhynchites 
macho fotografado no Parque Natural do Caraça, MG. Foto de Troy Bertlett.




Chave de identificação de Mosquitos Toxorhynchites



A proposta deste artigo é de oferecer uma chave de identificação simplificada para os mosquitos Toxorhynchites que ocorrem no Brasil. Trata-se de uma chave informal, sem o uso de análise de órgãos genitais, e com algumas liberdades que não poderiam ser tomadas em chaves acadêmicas. Portanto, deve ser encarada como uma chave menos precisa e incompleta, que deve ser complementada com chaves de identificação formais sempre que possível. Muitos não poderão ser identificados, mesmo com fotos de boa qualidade. Veja o artigo principal sobre estes mosquitos no website aqui.



Toxorhynchites é o único gênero conhecido da subfamília Toxorhynchitinae, são conhecidas cerca de 100 espécies, das quais 14 (talvez 15) ocorrem no Brasil. Existem 4 subgêneros, as espécies brasileiras pertencem aos subgêneros Ankylorhynchus (3 espécies) e Lynchiella (11 a 12 espécies). A identificação deste gênero é muito fácil baseado na sua probóscide, longa e curvada para baixo (daí seu nome popular, mosquito-elefante). São grandes mosquitos não-hematófagos diurnos de colorido vibrante e metálico.




Close em macho de Toxorhynchites, mostrando detalhes da antena e palpos. Foto cortesia de Kgigs.


Toxorhynchites (Lynchiella) haemorrhoidalis haemorrhoidalis, casal de adultos, fotografados em Belém, PA. Note a diferença nas antenas e palpos. Fotos cortesia de César Favacho.




Identificando os subgêneros Ankylorhynchus e Lynchiella



Mosquitos culicídeos mostram um evidente dimorfismo sexual nas antenas (exceto os Sabetinos). Machos têm antenas plumosas, enquanto fêmeas têm antenas filiformes, com cerdas mais escassas. A distinção dos dois subgêneros é relativamente fácil nas fêmeas, baseado no aspecto dos palpos:

  • Ankylorhynchus possuem palpos bastante longos e recurvados para cima, o último segmento mais longo do que os demais, e com a ponta acuminada  
  • Lynchiella possuem palpos mais curtos e retos, o último segmento mais curto do que o anterior, e com a ponta romba.


Nos machos a distinção é bem mais desafiadora. Os dois subgêneros têm os palpos semelhantes, parecidos com as fêmeas de Ankylorhynchus. É possível somente uma identificação aproximada, baseando-se nos seguintes aspectos: Todas as três espécies de Ankylorhynchus brasileiras têm tufos de cerdas na região lateral dos últimos segmentos abdominais, VI (branco), VII e VIII (preto). Possuem marcações brancas somente no tarso da perna média (Tx. purpureus), ou não as possuem (Tx. catharinensis e Tx. trichopigus).




Close em Ankylorhynchus fêmea, mostrando detalhes da antena e palpos. Foto cortesia de Thales Santos.




Close em Lynchiella fêmea, mostrando detalhes da antena e palpos. Foto cortesia de Jônatas Santos.





Identificando as espécies de Ankylorhynchus



Somente três espécies de Ankylorhynchus ocorrem no Brasil:

  • Toxorhynchites (Ankylorhynchus) catharinensis (Costa Lima, Guitton & Ferreira, 1962)
  • Toxorhynchites (Ankylorhynchus) purpureus (Theobald, 1901)
  • Toxorhynchites (Ankylorhynchus) trichopygus (Wiedemann, 1928)


Tx. trichopygus pode ser separada das outras duas por ter todos os tarsos das pernas de cor preta, em ambos sexos. Parece ter os tufos laterais abdominais completamente pretos. É encontrado em SP, RJ e SC.



Adultos das duas outras espécies são muito parecidos, Tx. catharinensis foi descrita como uma nova espécie baseada em diferenças marcantes das larvas e pupas. Tx. purpureus é encontrada na AM, BA, MG, ES, RJ e SP, e também na Argentina. Há informação bastante escassa sobre Tx. catharinensis, o exemplar tipo foi coletado em Brusque, SC.


Há poucas diferenças descritas, machos de Tx. catharinensis não têm marcações brancas nos tarsos. Há uma sutil diferença na cor dos tufos laterais abdominais, cerdas de VI totalmente brancas no Tx. catharinensis, e somente a metade basal branca no Tx. purpureus. Em ambas, VII e VIII pretas.


O escudo das três espécies tem uma cor esverdeada. Somente Tx. purpureus possui escamas azuladas lateralmente. A cor do escudo do Tx. trichopygus (sem a periferia azul) pode ser útil também na identificação de machos sem marcações brancas nas pernas, e tufos negros, na sua distinção com os Lynchiella do complexo Violaceus.









Fêmeas adultas de Toxorhynchites (Ankylorhynchus) purpureus, fotografado junto a fitotelmata de bromélias. Primeira foto em Ilha Grande, Angra dos Reis, RJ, as demais em Ubatuba, SP. Fotos de Walther Ishikawa.




Macho de Toxorhynchites (Ankylorhynchus) purpureus, fotografado em Bombinhas, SC. Foto de Marina VM.





Fêmea de Toxorhynchites (Ankylorhynchus) purpureus, fotografado em Parauapebas, PA. Foto de Luiz Fernando Matos.



Toxorhynchites (Ankylorhynchus) cf. catharinensis, fotografado em Florianópolis, SC. Foto cortesia de Leonardo Breder Passalacqua.


Toxorhynchites (Ankylorhynchus) trichopygus, macho fotografado em Navegantes, SC. Foto cortesia de Thales Santos.


Toxorhynchites (Ankylorhynchus) trichopygus, macho fotografado em Porto Alegre, RS. Foto cortesia de KGIGS.





Identificando as espécies de Lynchiella



Dez a onze espécies de Lynchiella ocorrem no Brasil (uma delas com duas sub-espécies):

  • Toxorhynchites (Lynchiella) bambusicola (Lutz & Neiva, 1913)
  • Toxorhynchites (Lynchiella) caatingensis Andrade & Corte, 2021
  • Toxorhynchites (Lynchiella) guadeloupensis (Dyar & Knab, 1906)
  • Toxorhynchites (Lynchiella) haemorrhoidalis (Fabricius, 1787)
  • Toxorhynchites (Lynchiella) mariae (Bourroul, 1904)
  • Toxorhynchites (Lynchiella) portoricensis (von Röder, 1885)*
  • Toxorhynchites (Lynchiella) pusillus (Costa Lima, 1931)
  • Toxorhynchites (Lynchiella) rizzoi (Palma & Galvão, 1969)
  • Toxorhynchites (Lynchiella) solstitialis (Lutz, 1904)
  • Toxorhynchites (Lynchiella) theobaldi (Dyar & Knab, 1906)
  • Toxorhynchites (Lynchiella) violaceus (Wiedemann, 1820)

* não consta na lista oficial da fauna do Brasil



Inicialmente, Tx. haemorrhoidalis pode ser separada das demais pela presença de tufos vermelhos laterais nos últimos segmentos abdominais. É o único Toxorhynchites brasileiro com esta característica. O restante do abdômen é azul-violáceo.


Existem duas sub-espécies com ocorrência no Brasil, Tx. haemorrhoidalis haemorrhoidalis, encontrado nas Guianas e região amazônica (há registro também na Argentina), e Tx. haemorrhoidalis separatus que ocorre na Argentina, Paraguai e sudeste do país. Fêmeas da primeira sub-espécie mostram o segundo tarsômero posterior com anéis brancos, outra característica exclusiva da espécie, útil quando os tufos vermelhos não são evidentes.





Toxorhynchites 
(Lynchiella) haemorrhoidalis haemorrhoidalis fêmea, fotografada em uma fazenda, em Goiás. Foto de Sonia Furtado.



Toxorhynchites (Lynchiella) haemorrhoidalis haemorrhoidalis macho, fotografado em Porto Grande, AP. Foto cortesia de Sérgio Rodrigues Filho.



Toxorhynchites (Lynchiella) haemorrhoidalis haemorrhoidalis fêmea, fotografado em Alajuela, Los Chiles, Costa Rica. Foto cortesia de Federico Figueroa Cabezas.





Toxorhynchites (Lynchiella) haemorrhoidalis separatus macho, fotografado em Porto Alegre, RS. Fotos cortesia de Kgigs.





Lynchiella com tufos abdominais escuros



Dos demais, quatro espécies possuem tufos enegrecidos laterais nos últimos segmentos abdominais, Tx. caatingensis, Tx. mariae, Txsolstitialis e Tx. violaceus.


Destes, somente Txsolstitialis (espécie encontrada em SP, MG e RJ, além de Argentina) possui marcações brancas nos tarsos médios, e somente nas fêmeas. Os tufos em VI são esbranquiçados (amarelo-dourados nas demais espécies), e pretos em VII. 


As três demais espécies possuem tarsos sem marcações nos dois sexos, são chamadas por alguns de "complexo Violaceus", são espécies próximas filogeneticamente e de difícil diferenciação. Algumas chaves sugerem a cor do abdômen para a distinção. A distribuição e habitats também são informações úteis:

  • Tx. caatingensis (semi-árido, Jeremoabo, BA) - abdômen dorsal azul-arroxeado metálico, escamas apicais acobreadas. Tufos laterais nos segmentos VI (dourado), VII e VIII (escuro)   
  • Tx. mariae (floresta úmida, BA, SP) - abdômen dorsal azul escuro arroxeado metálico homogêneo. Tufos laterais nos segmentos VI (dourado), VII (misturados amarelo e marrom) e VIII (marrom escuro)      
  • Tx. violaceus (floresta úmida, SP, RJ, BA, além de Trinidade) - abdômen dorsal azul escuro metálico com manchas basais claras. Tufos laterais nos segmentos VI (amarelado), VII e VIII (marrom escuro)     






Toxorhynchites (Lynchiella) violaceus criada a partir de uma larva coletada em um fitotelma de bromélia em Vinhedo, SP. Foto de Walther Ishikawa.





Toxorhynchites (Lynchiella) violaceus fotografada em Guaramiranga, CE. Foto cortesia de Célio Moura Neto.



Toxorhynchites (Lynchiella) violaceus fotografada em Banco da Vitória, Ilhéus, BA. Note a cor do abdômen. Foto cortesia de Paulo S. P. Paiva.



Toxorhynchites (Lynchiella) cf. violaceus fotografada em Ribeirópolis, SE. Foto cortesia Ívis Lorran.




Toxorhynchites (Lynchiella) cf. mariae macho fotografado em Santo André, SP. Foto de Fellipe Silva.




Toxorhynchites (Lynchiella) cf. mariae macho fotografado em Alto da Boa Vista, Rio de Janeiro, RJ. Foto de Rogerio Dias.




Toxorhynchites (Lynchiella) solstitialis, fêmea fotografada em Santa Maria, RS. Foto cortesia de Frank Thomas Sautter.





Toxorhynchites (Lynchiella) solstitialis fêmeafotografada em Santo André, SP. Foto cortesia de Fellipe Silva.



Toxorhynchites cf. (Lynchiellasolstitialis machofotografada em São Paulo, SP. Foto cortesia de Carlos Alexandre Mattos Raposo.




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