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Chave de identificação de Uranotaenia |
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Chave de identificação dos mosquitos Uranotaenia |
Uranotaenia lowii em hematofagia sobre o olho de um Lithobates, fotografado no Osceola National Forest, Florida, EUA. Foto de Lawrence E. Reeves.
Chave de identificação de Mosquitos do gênero Uranotaenia
A proposta deste artigo é de oferecer uma chave de identificação simplificada para os mosquitos do gênero Uranotaenia que ocorrem no Brasil. Trata-se de uma chave informal, sem o uso de análise de órgãos genitais, e com algumas liberdades que não poderiam ser tomadas em chaves acadêmicas. Portanto, deve ser encarada como uma chave menos precisa e incompleta, que deve ser complementada com chaves de identificação formais sempre que possível. Muitos não poderão ser identificados, mesmo com fotos de boa qualidade. Veja o artigo principal sobre estes mosquitos no website aqui.
São mosquitos muito pequenos (a menor espécie conhecida de mosquito pertence a este gênero), muitos com belas marcações de cor azul iridescente. Alimentam-se de sangue de animais de sangue frio, como anfíbios.
São conhecidas 16 espécies deste gênero que ocorrem no Brasil, são elas: - Uranotaenia (Uranotaenia) apicalis Theobald,
1903
- Uranotaenia (Uranotaenia) briseis Dyar,
1925
- Uranotaenia (Uranotaenia) calosomata Dyar
& Knab, 1907
- Uranotaenia (Uranotaenia) davisi Lane,
1943
- Uranotaenia (Uranotaenia) ditaenionota Prado,
1931
- Uranotaenia (Uranotaenia) geometrica Theobald,
1901
- Uranotaenia (Uranotaenia) hystera Dyar
& Knab, 1913
- Uranotaenia (Uranotaenia) incognita Galindo,
Blanton & Peyton, 1954
- Uranotaenia (Uranotaenia) leucoptera (Theobald,
1907)
- Uranotaenia (Uranotaenia) lowii Theobald,
1901
- Uranotaenia (Uranotaenia) mathesoni Lane,
1943
- Uranotaenia (Uranotaenia) nataliae Lynch-Arribálzaga,
1891
- Uranotaenia (Uranotaenia) pallidoventer Theobald,
1903
- Uranotaenia (Uranotaenia) pulcherrima
pulcherrima Lynch-Arribálzaga, 1891
- Uranotaenia (Uranotaenia) rachoui Xavier,
Mattos & Silva, 1970
- Uranotaenia (Uranotaenia) socialis Theobald,
1901
Uma das formas de iniciar a identificação das espécies (que é a proposta pela chave de Lane, 1953), é separar as espécies que possuem faixas ou manchas centrais de cor azul iridescente no escudo.
Uranotaenia com marcas azul-iridescentes centrais no escudo (série-Pulcherrima):
Ur. geometrica possui escudo marrom escuro com uma única pequena mancha iridescente à frente da região pré-escutelar. Abdômen com manchas triangulares peroladas. Tarsos posteriores IV e V totalmente brancos. Relativamente grandes, e com ampla distribuição, da América do Norte à Argentina.
Uranotaenia geometrica fotografados às margens do Rio Tamanduá, em Foz do Iguaçu, PR, e em Tailândia, PA. Fotos de Walther Ishikawa e César Favacho.
Ur. apicalis lembra a espécie anterior, possui escudo marrom, e uma mancha iridescente na região central próximo ao escutelo. Articulações brancas, e tarso posterior V branco, IV com anel escuro mediano. Tamanho médio, encontrada do norte do México até Argentina.
Ur. socialis é praticamente indistinguível da espécie neártica Ur. sapphirina, inicialmente eram consideradas sinônimas. Possui escudo marrom com uma linha azul iridescente central que atinge o escutelo. Abdômen com faixas peroladas. Pernas escuras, exceto marcas brancas junto às articulações. Comum na América Central, distribuição desconhecida no Brasil.
Uranotaenia sapphirina, fotografado em Massachusetts, EUA. Foto de Tom Murray.
Ur. pulcherrima possui uma linha iridescente central no escudo que não atinge o escutelo. Articulações e tarsos posteriores marcados de branco. Ampla distribuição, da América do Norte à Argentina.
Uranotaenia pulcherrima, fotografado em Planalto, Concórdia, SC. Foto de Frederico Acaz Sonntag.
Das demais espécies, o passo seguinte é separar as espécies que possuem manchas iridescentes laterais (não linhas), restritas ao paratergito.
Uranotaenia com marcas azul-iridescentes laterais (série-Lowii):
Ur. lowii possui o tegumento amarelo com manchas enegrecidas. Pernas com os três últimos segmentos tarsais brancos. Asas com escamas iridescentes somente na quinta veia. Diminuto, e com ampla distribuição, dos EUA à Argentina.
Uranotaenia lowii, fotografados em Calcasieu Parish, Louisiana, EUA; Flórida, EUA, e Extremoz, RN. Fotos cortesia de Shannon Foreman, Andrew Rivera e Francierlem Oliveira.
Ur. briseis possui o tegumento marrom. Pernas com os tarsos escuros. Asas com escamas iridescentes na base da primeira e quinta veias. Também diminuto, ocorre na Venezuela e Panamá.
As demais espécies possuem finas faixas brancas laterais, da raiz das asas até o ângulo anterior. Destas, a coloração dos tarsos pode ser usada no diferencial.
Uranotaenia com faixas brancas laterais, tarsos brancos (série-Pallidoventer, parte):
Ur. davisi possui os tarsos brancos em todas as pernas. A linha branca do escudo se estende até o limite anterior. Encontrada somente no Brasil (BA e SP).
Uranotaenia davisi, fotografado em Nova Timboteua, PA, pouco após hematofagia em Rhinella margaritifera (o pé é visível na canto superior esquerdo). Foto gentilmente cedida por Adriano Maciel.
Uranotaenia davisi, fotografado em Parnamirim, RN, durante hematofagia em Pristimantis ramagii. Fotos cortesia de Yby Natureza.
Ur. calosomata possui os últimos tarsos posteriores brancos, mesonoto enegrecido. Lembra bastante a espécie anterior, com algumas diferenças também na pigmentação abdominal (marcações claras). Encontrado da Costa Rica ao sul do Brasil.
Uranotaenia calosomata, fotografado em Ilha Grande, RJ. Foto gentilmente cedida por Lawrence E. Reeves.
Ur. ditaenionota possui os últimos tarsos posteriores brancos, mesonoto marrom claro, áreas enegrecidas margeando as linhas brancas. A linha branca do escudo é longa, e estende-se até o limite anterior. Encontrada no Panamá e Brasil (BA, MT e SP).
Uranotaenia ditanionota, fotografado em Chepo, Panamá, Panamá. Durante e após hematofagia em anuro. Fotos cortesia de Kai Squires.
As seguintes espécies também possuem finas faixas claras laterais, mas os tarsos são escuros. Detalhes das asas e abdômen serão usadas na identificação.
Uranotaenia com faixas brancas laterais, tarsos escuros:
Série-Leucoptera:
Ur. leucoptera possui a asa completamente branca, exceto grande mancha escura centrada na base da costa. Encontrada do sul do México à Guiana.
Ur. nataliae possui asas escuras com escamas iridescentes em todas as veias longitudinais. Abdômen com faixas basais peroladas. Encontrada de Honduras à Argentina.
Uranotaenia nataliae, fotografado em La Plata, Buenos Aires, Argentina. Foto de Michelle Delaloye.
Ur. hystera possui coloração típica, bicolor. Pleura de cor amarelada pálida, bem demarcada com o escudo de cor marrom bronze escuro. Asas escuras com manchas brancas na primeira e quinta veia. Tergitos abdominais II a VI com faixas brancas apicais. Norte da América Central à Guiana Francesa.
Uranotaenia hystera, mede 4~5 mm, fotografado em Jurunas, Belém, PA. Fotos de Sidnei Dantas.
Série-Pallidoventer (parte):
Ur. pallidoventer possui asas escuras com manchas brancas na primeira e quinta veia. Tergitos abdominais escuros. Encontrada do Panamá ao sul do Brasil.
Uranotaenia pallidoventer, após hematofagia em um anuro, em MG. Fotos cortesia de Flávio Mendes.
Uranotaenia pallidoventer, mede 5~6 mm, fotografado em Jurunas, Belém, PA. Fotos de Sidnei Dantas.
Ur. incognita lembra bastante Ur. pallidoventer, mas possui uma larga faixa branca margeando os olhos, do vértex ao mento. Pleura de cor marrom escura acima (mesma cor do escudo), e amarelada pálida em baixo. É encontrada no Panamá, distribuição desconhecida no Brasil.
Uranotaenia incognita, em Oeiras do Pará (PA). Foto de César Favacho.
Ur. mathesoni possui asas escuras com manchas brancas na primeira e quinta veia. Tergitos abdominais a partir de II com faixas brancas basomedianas. Lembra Ur. ditaenionota. Encontrada no Brasil, em SP.
Finalmente, existe uma última espécie com informações bastante escassas, Ur. rachoui. Trata-se da última espécie brasileira descrita, em 1970, com pouquíssimas informações disponíveis. Desta forma, não foi possível incluí-la nesta chave.
Bibliografia:
- Consoli RAGB, Oliveira RL de. Principais Mosquitos de Importância Sanitária no Brasil. Editora Fiocruz, Rio de Janeiro, 1994 - 225 páginas.
- Segura MNO, Castro FC. Atlas de Culicídeos na Amazônia Brasileira: características específicas de insetos hematófagos da família Culicidae. Belém: Agência Brasileira; Instituto Evandro Chagas; 2007. 67p.
- Mosquito Genera Identification Key – Southern Command Area of Responsibility. Army Public Health Center, U.S. Army Medical Department. 2016.
- J Lane. Neotropical Culicidae, Volume I & II. University of São Paulo, Brazil. Lane J. 1953.
- Darsie RF Jr. 1985. Mosquitoes of Argentina. Part I. Keys for identification of adult females and fourth stage larvae in English and Spanish (Diptera, Culicidae). Mosq Syst 17: 153-253.
- Galindo P, Blanton FS, Peyton EL. (1954). A revision of the Uranotaenia of Panama with notes on other American species of the genus (Diptera, Culicidae). Annals of the Entomological Society of America, 47, 107–177.
- Theobald FW. A Monograph of the Culicidae of the World. 1902 3 vols. Pp. xxvi + 815; 42 plates. London.
Este artigo só foi possível com a colaboração de diversos amigos e colegas, aos quais somos muito gratos. Agradecimentos aos fotógrafos Francierlem Oliveira, Flávio Mendes, aos zoólogos César Favacho (veja seu álbum Flickr aqui ), Lawrence E. Reeves (University of Florida, EUA) e os colaboradores do iNaturalist Adriano Maciel, Frederico Acaz Sonntag, Sidnei Dantas, Michelle Delaloye, Andrew Rivera, Kai Squires, Yby Natureza, Shannon Foreman (EUA), Tom Murray (EUA) pela cessão das fotos para o artigo.
As fotografias de Walther Ishikawa, Flávio Mendes, dos colaboradores do iNaturalist Shannon Foreman, Frederico Acaz Sonntag, Sidnei Dantas, Tom Murray, Michelle Delaloye, Andrew Rivera, Kai Squires, Yby Natureza, estão licenciadas sob uma licença Creative Commons. As demais fotos têm seu "copyright" pertencendo aos respectivos autores.
artigo publicado em 26/08/2024, última atualização em 25/09/2024
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