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Chave de identificação de Haemagogus
 
Chave de identificação de Haemagogus




Chave de identificação de Mosquitos do gênero Haemagogus



A proposta deste artigo é de oferecer uma chave de identificação simplificada para os mosquitos do gênero Haemagogus que ocorrem no Brasil. Trata-se de uma chave informal, sem o uso de análise de órgãos genitais, e com algumas liberdades que não poderiam ser tomadas em chaves acadêmicas. Portanto, deve ser encarada como uma chave menos precisa e incompleta, que deve ser complementada com chaves de identificação formais sempre que possível. Muitos não poderão ser identificados, mesmo com fotos de boa qualidade. Veja o artigo principal sobre estes mosquitos no website aqui.




Há 11 espécies de Haemagogus assinaladas no Brasil, em dois subgêneros, adultos com aspecto bastante distinto:





Subgênero Conopostegus:


As espécies do subgênero Conopostegus eram previamente classificadas como Aedes (no subgênero Finlaya), possuem o corpo e pernas pretas com faixas brancas, e linha longitudinal mediana prateada. no escudo, muito parecidos com o Aedes albopictus, com os quais são frequentemente confundidos. A pleura torácica é listrada com duas faixas prateadas verticais. 




Haemagogus (Conopostegus) leucocelaenus (Dyar & Shannon, 1924) (Trinidade e Tobago até Argentina)  










Haemagogus (Conopostegus) leucocelaenus, note a semelhança com os Aedes. Fotos de Genílton Vieira (Instituto Oswaldo Cruz).



Haemagogus (Conopostegus) leucophoebus (Galindo, Carpenter & Trapido, 1953) (AC - Feijó e Tarauacá)


Os adultos são muito parecidos com a espécie anterior, praticamente indistinguíveis por fotos. As diferenças morfológicas principais estão na cor e aspecto das escamas na cabeça e cerdas pró-episternais, porém, alguns trabalhos têm sugeridos que não são caracteres tão confiáveis na diferenciação. Há sutis diferenças nas marcações brancas no tórax, a mancha mesepimeral possui uma expansão caudal no ápice superior.   


As duas espécies brasileiras de Haemagogus (Conopostegus), adaptado do artigo original de Galindo P, Carpenter SJ, Trapido H. 1952 (veja referência na bibliografia).





Subgênero Haemagogus:


Subgênero Haemagogus (9 espécies) são mosquitos de escudo revestido de escamas coloridas em tons de verde, azul, cobre, bronze ou cores semelhantes, mas com forte brilho metálico. Lembram os sabetinos, dos quais são parentes próximos. A pleura possui apenas uma faixa vertical larga de escamas prateadas. A extremidade do abdômen é inclinada diagonalmente.




Seção Tropicalis (antigo grupo Cyanoconops)


Machos das duas espécies desta seção podem ser identificados pelo palpo longo, cerca de 2/3 do comprimento da probóscide. Todas as demais espécies têm o palpo curto (3x ou menos o comprimento do clípeo). Machos com antenas fortemente plumosas.



Haemagogus (Haemagogus) equinus Theobald, 1903 (EUA, México, América Central, Guiana, Venezuela, Colômbia, Brasil? - RN)

  • Lobo pronotal com escamas brancas no meio, escuras nas extremidades.
  • Mesonoto com escamas azuis e verdes. 
  • Fêmur posterior com mancha apical branca (joelho), com escamas prateadas internamente até a metade.
  • Tergitos abdominais com manchas prateadas dorsais em IV-V, bandas basais em VI-VII.




Haemagogus (Haemagogus) equinus, fêmea fotografada em Rosario, Sinaloa, México. Note a extremidade distal do fêmur posterior branca. Foto cortesia de Daniel Sosa Ruiz.




Haemagogus (Haemagogus) equinus, fêmea fotografada em Bahía de Banderas, Nayarit, México. Foto cortesia de Azael C. García.




Haemagogus (Haemagogus) equinus, macho fotografado em Yelapa, Jalisco, México. Note os palpos longos. Foto cortesia de Cheryl Harleston López Espino.




Haemagogus (Haemagogus) tropicalis Cerqueira & Antunes, 1938 (PA - Ilha do Marajó)

  • Lobo pronotal totalmente coberto por escamas escuras.
  • Mesonoto com escamas azuis. 
  • Fêmur posterior sem a mancha apical branca, com 50~70% com escamas douradas internamente.
  • Tergitos abdominais com manchas prateadas dorsais em II-VII. 




Seção Splendens (antigo grupo Haemagogus s. str.)

  • Duas espécies quase indistinguíveis
  • Mesonoto enegrecido, com escamas azuladas perto da raiz das asas e região pré-escutelar. 
  • Coxas com manchas de escamas prateadas sujas.
  • Fêmur posterior com escamas prateadas internamente 2/3 basais.
  • Tergitos abdominais com bandas basais prateadas dorsais em II-VII. 


Haemagogus (Haemagogus) splendens Williston, 1896 (São Vicente e Granadinas, Trinidad, Venezuela, Colômbia, Brasil?)

  • Escamas do vértice e ocipício cobre a verde claro
  • Antena do macho esparsamente plumosa


Haemagogus (Haemagogus) celeste Dyar & Nunez-Tovar, 1927 (Trinidad, Venezuela, Colômbia, Brasil - AM e RR)

  • Escamas do vértice azul a violeta, do ocipício verde
  • Antena do macho moderadamente plumosa




Haemagogus (Haemagogus) sp. seção splendens, fotografado em Tunapuna / Piarco, Trinidade e Tobago. Fotos cortesia de Bogbabe.





Seção Albomaculatus (antigo grupo Stegoconops)


Machos com antenas fortemente plumosas.


Haemagogus (Haemagogus) janthinomys Dyar, 1921 (Honduras a Argentina)


Haemagogus (Haemagogus) capricornii Lutz, 1904 (Argentina, Brasil - BA a RS, predomínio em SE e S)

  • Duas espécies indistinguíveis, exceto pela genitália 
  • Probóscide medindo 1,10~1,15x fêmur anterior
  • Antepronoto coberto por escamas escuras.
  • Mesonoto com escamas azul-esverdeado. 
  • Fêmur posterior com escamas prateadas internamente quase até o ápice.
  • Tergitos abdominais com escamas prateadas dorsais formando bandas basais em VI-VIII. Escamas púrpura, e verde-azuladas na margem distal V-VIII.





Haemagogus (
Haemagogus) janthinomys, macho. Foto de Josué Damacena (Instituto Oswaldo Cruz).






Haemagogus 
(Haemagogus) janthinomys, fotografado em São Paulo, SP. Fotos de Bruno Magalhães Nakazato.






Haemagogus (Haemagogus) janthinomys, duas fêmeas fotografadas em Santa Maria, Brasília, DF. Fotos cortesia de Jean Martins.




Haemagogus (Haemagogus) albomaculatus Theobald, 1903 (Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Venezuela, Brasil - norte do PA)

  • Probóscide 1,25x fêmur anterior  
  • Antepronoto coberto por escamas azuis escuras. 
  • Mesonoto com escamas verde-azuladas. 
  • Coxas com manchas de escamas prateadas.
  • Fêmur posterior com mancha apical branca (joelho), com escamas prateadas internamente na metade basal.
  • Tergitos abdominais sem escamas prateadas dorsais. Escamas púrpura




Haemagogus (Haemagogus) baresi Cerqueira, 1960 (Peru, Brasil - AM)

  • Probóscide 1,10x fêmur anterior  
  • Antepronoto coberto por escamas azuis escuras. 
  • Mesonoto com escamas azuis escuras. 
  • Coxas com manchas de escamas escuras
  • Fêmur posterior com mancha mediana de escamas prateadas internamente.
  • Tergitos abdominais sem escamas prateadas dorsais. Escamas púrpura escuras.





Haemagogus (Haemagogus) baresi, fêmea fotografada em Iranduba, AM. Fotos de Roberto E. Llanos Romero.




Haemagogus (Haemagogus) spegazzinii Brèthes, 1912 (Trinidad, Bolívia, Venezuela, Brasil, Paraguai, Argentina)

  • Probóscide >1,20x fêmur anterior  
  • Antepronoto coberto por escamas prateadas.
  • Mesonoto com escamas cobre ou bronze claro. 
  • Coxas totalmente prateadas.
  • Fêmur posterior com escamas prateadas internamente não se estendendo além de 75%.
  • Tergitos abdominais sem escamas prateadas dorsais. Escamas escuras, nuances de azul, verde, dourado




Haemagogus (Haemagogus) spegazzinii, fotografado em Córdoba, Argentina. Foto cortesia de Andrea Aristides Cocucci.


Haemagogus (Haemagogus) spegazzinii, fêmea fotografada em Aquidauana, MS. Fotos cortesia de Andrew Rivera.






Bibliografia:

  • Consoli RAGB, Oliveira RL de. Principais Mosquitos de Importância Sanitária no Brasil. Editora Fiocruz, Rio de Janeiro, 1994 - 225 páginas.
  • Segura MNO, Castro FC. Atlas de Culicídeos na Amazônia Brasileira: características específicas de insetos hematófagos da família Culicidae. Belém: Agência Brasileira; Instituto Evandro Chagas; 2007. 67p.
  • Mosquito Genera Identification Key – Southern Command Area of Responsibility.  Army Public Health Center, U.S. Army Medical Department. 2016.
  • J Lane. Neotropical Culicidae, Volume I & II. University of São Paulo, Brazil. Lane J. 1953.
  • Darsie RF Jr. 1985. Mosquitoes of Argentina. Part I. Keys for identification of adult females and fourth stage larvae in English and Spanish (Diptera, Culicidae). Mosq Syst 17: 153-253.
  • Galindo P, Carpenter SJ, Trapido H. The taxonomic status of the Aedes leucocelaenus complex with descriptions of two new forms (Diptera, Culicidae). Ann Entomol Soc Am. 1952; 45(4): 529-42.
  • Cardoso SF, Pinheiro IC, Kikuti LAO, Yoshikawa AAG, Pitaluga AN, Rona LDP. Expanded range of Haemagogus leucocelaenus in yellow fever hotspots: new findings from Santa Catarina State, southern Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2025; 120: e240240.
  • Liria J, Navarro JC. Clave fotográfica para hembras de Haemagogus Williston 1896 (Diptera: Culicidae) de Venezuela, con nuevo registro para el país. Bol Mal Salud Amb. 2009 Dic; 49(2): 283-292.
  • Marcondes CB, Alencar J. 2010. Revisão de mosquitos Haemagogus Williston (Diptera: Culicidae) do Brasil. Rev. Biomed. 21, 221-238.
  • Kumm H, Cerqueira NL. The Haemagogus mosquitoes of Brazil. Bull Entomol Res 1951; 42:169-181.
  • Arnell JH. Mosquito Studies (Diptera, Culicidae). XXXII. A revision of the genus Haemagogus. Contrib Am Entomol Inst. 1973;10(2):1-174.
  • Cerqueira NL. 1960. Uma nova especie de Haemagogus do Amazonas (Diptera, Culicidae). Mus. Parense Emilio Goeldi, Bol. 25:1-5.
  • Cerqueira NL. Algumas espécies novas da Bolívia, e referência a três espécies de Haemagogus. Mem Inst Oswaldo Cruz. 1943 Aug; 39(1):1–4.
  • Silva-Inacio CL, Ximenes M de FF de M. Haemagogus spegazzinii Brèthes, 1912 (Diptera: Culicidae) in Brazilian semiarid: resistance in eggs and scale color variation in adults. Rev Bras entomol. 2021;65(4):e20210078.
  • Alencar J, Castro FC, Monteiro HAO, Silva OV, Dégallier N, Marcondes CB, Guimarães AE. 2008. New records of Haemagogus (Haemagogus) from Northern and Northeastern Brazil (Diptera: Culicidae, Aedini). Zootaxa, 1779 (1), 65–68.



Este artigo só foi possível com a colaboração de diversos amigos e colegas, aos quais somos muito gratos. Agradecimentos aos fotógrafos Genílton Vieira Josué Damacena (Instituto Oswaldo Cruz), Cássio L. S. Inacio, aos zoólogos Bruno Magalhães Nakazato, e os colaboradores do iNaturalist Ben PhalanRoberto E. Llanos Romero, Andrew RiveraJean MartinsAndrea Aristides Cocucci (Argentina), Daniel Sosa Ruiz (México), Azael C. García (México), Cheryl Harleston López Espino (México), Bogbabe (Trinidad e Tobago), pela cessão das fotos para o artigo. 


 As fotografias de Ben PhalanAndrea Aristides Cocucci, Cheryl Harleston López Espino, Roberto E. Llanos RomeroAndrew Rivera, Jean Martins, Bogbabe, estão licenciadas sob uma licença Creative Commons. As demais fotos têm seu "copyright" pertencendo aos respectivos autores.






artigo publicado em 29/06/2025
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