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Reprodução das Medusas de Água Doce
 
Gen-yu Sasaki - Reprodução do "C. sowerbyi" em cativeiro

Estes artigos são traduções de algumas matérias abordando a reprodução das medusas de água doce, de autoria do zoólogo e fotógrafo japonês Gen-yu Sasaki. Descobri estes artigos quando pesquisava informações sobre esta espécie para o nosso site, e fiquei boquiaberto com a riqueza de informações e as belíssimas fotografias deste autor. Nunca imaginei que estes animais tivessem sido reproduzidos em cativeiro, e com uma documentação tão fantástica. Após uma breve troca de e-mails (tive que desenferrujar meu japonês...), o autor, muito solícito e simpático, permitiu a publicação dos artigos traduzidos no Planeta Invertebrados. Agradeço ao Dr. Sasaki a cordialidade, e a oportunidade de poder mostrar este material a vocês, pela primeira vez em português.


                                                                 Walther Ishikawa



Medusas de Água doce (Craspedacusta sowerbyi)

Por Gen-yu Sasaki, Japão




Medusas de ÁGUA DOCE?

 

As pessoas que não têm interesses especiais em medusas podem pensar que estes seres não vivem em água doce. Na verdade, existe uma espécie de água-viva de água doce, chamada Craspedacusta sowerbyi, mas não é um animal muito comum. Embora a espécie não seja rara, sua aparição é esporádica, por vezes aparecendo em noticiários locais japoneses.

Obtive este estranho animal cedido gentilmente por Ryuta Miyakawa. Ele é um cientista amador japonês com bastante experiência na manutenção de diversas criaturas aquáticas. Ele encontrou esta medusa no seu aquário onde criava as rãs Hymenochirus boettgeri. Ele também descobriu alguns pólipos nas peças de cerâmica do filtro, e tem tido sucesso na sua criação já há algum tempo.

Na foto acima estão duas medusas fêmeas de C. sowerbyi. Elas foram criadas a partir do estágio de pólipo até a forma adulta por Miyakawa. Seu diâmetro é de cerca de 9 mm, e as quatro estruturas arredondadas claras são as gônadas. Só como informação, é muito difícil desenvolver as medusas até este tamanho. Ele tentou de várias maneiras. Mesmo na natureza, as medusas normalmente só crescem até pouco mais de 2 cm de diâmetro.


Um bebê medusa

 

Esta é uma medusa bebê. O diâmetro é de cerca de 1 mm. Devido à longa distância da casa de Miyakawa (mais de 250 km!), esta medusa bebê não estava bem quando a recebi. Os tentáculos estavam faltando, e não foram observados movimentos. Na manhã seguinte, essa pequena medusa tinha desaparecido na garrafa (coitadinha...).

Miyakawa os alimenta com Artêmias (o sal deve ser removido), mas ele desconfia que rotíferos possam ser os melhores alimentos para estes bebês.

 


Como os pólipos se alimentam


Como vocês devem saber, a hidromedusa é apenas uma etapa do ciclo de vida destes animais. Eles ficam aderidos a substratos e vivem como os pólipos antes de se tornarem medusas. A imagem abaixo mostra as peças de cerâmica que recebi, onde os pólipos estão fixos. Não podem ser vistos a olho nu.

 


 

Talvez a palavra "pólipos" possa recordá-los das Hidras. Mas estes pólipos não se parecem com eles. O tamanho é muito menor, e os tentáculos não são claramente visíveis.

No entanto, como as Hidras, eles também são animais carnívoros. Eles capturam suas presas usando os nematocistos e engolem as presas inteiras. As próximas três imagens mostram esse processo.

 

Notem que dois pólipos constituíram uma colônia, e (1: à esquerda) um pólipo captura um náuplio de Artêmia. Após uma hora, (2, centro) a presa foi parcialmente engolfada pelos pólipos. 12 horas a partir da captura, (3, direita) dois pólipos compartilham um náuplio. Dá pra ver claramente que o estômago dos pólipos em uma colônia é único, comunicante.

 

 

Devido ao seu pequeno tamanho, coletar os pólipos na natureza é muito difícil. (Por favor, me avise em qualquer caso de coleta bem sucedida). Mas a criação deles é relativamente fácil quando você pega o jeito.


As frústulas

 

Os pólipos se reproduzem de forma assexuada, formando frústulas. Eles têm capacidade de locomoção, embora se movam lentamente. O intervalo dos quadros deste arquivo de animação GIF é de uma hora.

Este movimento das frústulas ajuda a dispersão de pólipos no local onde vivem. Existem pesquisadores que estudam este aspecto destes animais.

 


Um pólipo recém-nascido

 

As frústulas se fixam na superfície do substrato e tornam-se pólipos. A imagem abaixo mostra um pólipo recém-nascido na superfície do vidro, mede aproximadamente 0,3 milímetros de comprimento. Em torno da "boca", podem ser vistas algumas irregularidades. Estes são seus tentáculos, os nematocistos são disparados daqui.

Em condições adequadas, estes novos pólipos irão crescer e se reproduzir por brotamento. Normalmente, são colônias formadas por dois ou três pólipos.





E finalmente, as medusas...


E um belo dia, surgem nos pólipos brotos de onde nascem as hidromedusas. A temperatura parece influir no processo, mas os detalhes são pouco conhecidos.

E as medusas produzem óvulos e espermatozóides, e se reproduzem por via sexual... (mas isto já é uma outra história...) - veja a segunda parte do artigo no link.




Agradecimentos:

 

Agradeço a Ryuta Miyakawa e outros membros da "jfish-ML" (lista de discussão japonês sobre águas-vivas), pelo apoio e sua paixão pelas águas-vivas. Esta página não poderia ter sido escrita sem a sua ajuda.

Também gostaria de expressar minha gratidão a Wim van Egmond (Holanda) e ao editor da Micscape, Dave Walker (Inglaterra). Graças aos dois, uma versão em inglês destas páginas também está disponível.


Referências:
  Michael S. Thom (supervised by Dr. Terry Peard, Indiana University of
Pennsylvania): 
FRESHWATER JELLYFISH!
Este site é dedicado às medusas de água doce. Muito bom para aqueles que estão interessados ​​nessa espécie pela primeira vez. Resultados de pesquisas recentes do Dr. Peard também estão disponíveis.

Ryuta Miyakawa: まみずくらげ (em japonês).
Com fotos e ilustrações sobre a sua criação, desenvolvimento e assim por diante. Ele compila informações sobre esta espécie.

Slobodkin, L. B. and Bossert, P. 1991. The Freshwater Cnidaria — or Coelenterates. Pages 125-143 in: James H. Thorp and Alan P. Covich Editor. Ecology and Classification of North American Freshwater Invertebrates. Academic Press, San Diego.



Fotografias tiradas em 29 e 30 de setembro, 01, 11 e 19 de outubro, 1999.
Copyright © 1999 por Gen-yu Sasaki. Todos os direitos reservados.


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