Camarão
de Água Doce - Macrobrachium aracamuni
Nome
em português: Camarão de água doce, Camarão de rio
Nome
em inglês: -
Nome científico: Macrobrachium aracamuni Rodríguez, 1982
Origem:
Bacia Amazônica, fronteira Brasil/Venezuela
Tamanho: até 5 cm
Temperatura da água: 24-29° C
pH: ácido
Dureza: baixa
Reprodução: especializada, todo
o ciclo em água doce
Comportamento: sem dados
Dificuldade: sem dados
Apresentação
O Macrobrachium aracamuni é uma espécie bem rara de
camarão de água doce, inicialmente descrita somente para uma pequena área
geográfica na bacia do alto Rio Orinoco (Venezuela), e em 2008 encontrada
também no Brasil.
Etimologia: Macrobrachium vem do grego makros
(longo, grande) e brakhion (braço); seu
nome específico vem do local onde foi coletado o espécime-tipo, Cerro (Serra)
Aracamuni, Venezuela.
Biótopo do Macrobrachium aracamuni, riachos e cachoeiras em São Gabriel da Cachoeira (AM). Fotos da equipe do Wirbellosen-Auktionshaus.
Distribuição geográfica de Macrobrachium aracamuni. Imagem
original Google Maps; dados de Rodríguez G 1982, Mantelatto FL et al. 2008 e Pereira G et al. 2006.
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Origem
Até há pouco tempo este
camarão só era conhecido na bacia do alto Rio Orinoco (Venezuela), em 2008 foi
descrito também na bacia do alto Rio Negro, estado do Amazonas, em São Gabriel
da Cachoeira, Serra do Mergulhão, próximo da fronteira com a Venezuela. Apesar
da proximidade, é um fato interessante, porque caracteriza um padrão
distribucional “trans-bacia”.
São habitats de águas bastante
ácidas e moles, rios e igarapés com bastante serrapilharia depositada.
Macrobrachium aracamuni, fotos da equipe do Wirbellosen-Auktionshaus.
Aparência
São camarões de pequeno/médio porte, o comprimento da carapaça é de até
1,9 cm (comprimento total de cerca de 5 cm). Embora pequenos, possuem garras
proeminentes, sugerindo agressividade.
Coloração acastanhada escura. Carapaça e quelas lisas, sem espinulações.
Pode ser identificado com relativa facilidade, pelo aspecto do
rostro, carapaça lisa e proporção dos segmentos do quelípodo.
Rostro: Relativamente curto, não atinge o final do pedúnculo
antenular. Reto e moderadamente alto, e com a extremidade ligeiramente curvada
para cima. Margem superior com 7~10 dentes, os primeiros 2 ou 3 antes da
órbita. Margem inferior com 2~3 dentes.
Quelípodos dos machos: Grandes e fortes, lisos, iguais na forma e desiguais
no tamanho. Dedos com cerca de 0.7~0.8x o comprimento da palma. Carpo com 0.7x
a palma e 1.5x o mero. Dedos da quela com um dente maior na metade da face
cortante.
Parâmetros
de Água
Nativo da Bacia
Amazônica, se desenvolve
melhor em temperaturas mais altas, águas moles e ácidas.
Macrobrachium aracamuni, fotos da equipe do Wirbellosen-Auktionshaus.
Dimorfismo Sexual
As fêmeas tendem a ser menores, com garras também menores. Fêmeas
possuem pleuras abdominais arqueadas e alongadas, formando uma câmara de
incubação. Também podem ser diferenciados pela análise dos órgãos sexuais, mas
isto é bem difícil em animais vivos.
Reprodução
Não há dados sobre a reprodução. Sabe-se somente que a
espécie tem reprodução abreviada, algumas fêmeas coletadas carregavam ovos
grandes (1,6 ~2,8 mm) em pequeno número, até 20 ovos.
Assim como as demais espécies da região, provavelmente apresentam
um pico de desova em janeiro e fevereiro, coincidindo com a maior pluviosidade na
região amazônica.
A fêmea passa por uma muda
pré-acasalamento, e logo após o macho deposita seu espermatóforo. Após a
ecdise, a fêmea libera os ovos, que são fertilizados e se alojam nos pleópodes.
Macrobrachium aracamuni junto a outros Macrobrachium coletados para serem fotografados pela equipe do Wirbellosen-Auktionshaus. Na segunda foto pode ser visto também um Copella sp..
Comportamento
Muito
provavelmente agressivo, baseado na morfologia e dimensão das suas garras.
Provavelmente não pode ser mantido com peixes ou outros animais. Tornam-se
vulneráveis após a ecdise, enquanto seu exoesqueleto ainda não está totalmente
solidificado.
Assim como os
demais Macrobrachium agressivos,
possivelmente os camarões juvenis são menos agressivos, porém, com seu
crescimento, deve-se acentuar sua agressividade e seu comportamento canibal. Populações
adultas mantidas juntas por muito tempo se devoram progressivamente, ou
indivíduos dominantes se alimentando dos menores, ou animais (mesmo grandes)
sendo devorados após a muda.
Alimentação
Não há dados,
possivelmente são onívoros e pouco seletivos.
Bibliografia:
- Mantelatto FL, Pillegi LG, Suárez H, Magalhães C. First record and
extension of the known distribution of the inland prawn, Macrobrachium aracamuni Rodríguez, 1982 (Decapoda, Palaemonidae) in
Brazil. 2008. Crustaceana, 81(2):
241-246.
- Rodríguez G.
Fresh-water shrimps (Crustacea, Decapoda, Natantia) of the Orinoco basin and
the Venezuelan Guyana. 1982. Journal of Crustacean Biology, 2 (3):
378-391.
- Pereira G, García JV.
Comunidad de crustáceos de la confluencia de los ríos Orinoco y Ventuari,
Estado Amazonas, Venezuela. pp. 107-113. Em: Lasso CA, Señarìs JC, Alonso LE,
Flores A. (eds.). Evaluación Rápida de la Biodiversidad de los Ecosistemas
Acuáticos en la Confluencia de los ríos Orinoco y Ventuari, Estado Amazonas
(Venezuela). Boletín RAP de Evaluación Biológica 30. Conservation
International. Washington DC, USA. 2006.
Agradecimentos à equipe do Wirbellosen-Auktionshaus (visite seu website aqui , e seu Blog aqui ) pela cessão das fotos para o artigo. |