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"Sylviocarcinus devillei"  
artigo publicado em 24/01/2014, última edição em 02/07/2017  


Sylviocarcinus devillei
, fotografado na calha do Rio Xingú, abaixo da volta grande, próximo ao município de Vitória do Xingú, PA. Foto de Henrique Anatole.


Caranguejo de Água Doce – Sylviocarcinus devillei

 

 

Nome em português: Caranguejo de água doce, Caranguejo de rio, Araruta.
Nome em inglês: -
Nome científico: Sylviocarcinus devillei H. Milne-Edwards, 1853

Origem: Norte da América do Sul
Tamanho: carapaça com largura de 10 cm
Temperatura: 25-34° C
pH: ácido

Dureza: mole
Reprodução
: especializada, todo ciclo de vida em água doce
Comportamento: agressivo
Dificuldade: fácil

 

 

Apresentação

 

O Sylviocarcinus devillei é uma espécie de caranguejo dulcícola com ampla distribuição na região amazônica, são caranguejos de porte grande, é a maior espécie conhecida de tricodactilídeo. São totalmente aquáticos, de hábitos noturnos.

Não têm importância em aquarismo, mas é um importante componente da cadeia trófica de ambientes dulcícolas da bacia amazônica. Comestíveis, são também fonte de alimentação para populações ribeirinhas.

Etimologia: Sylvio tem etimologia incerta, ou é derivado de um nome próprio, de origem desconhecida, ou do latim silva (floresta); carcinus vem do grego karkinos (caranguejo). E devillei é uma homenagem ao naturalista francês Émile Deville (1824 - 1853), que coletou o espécime-tipo auxiliando Francis de Castelnau.






Dois grandes exemplares machos de Sylviocarcinus devillei, fotografados em um igarapé do Amapá, note a escala com a mão. O padrão de fusão do abdomen é bem visível nestas fotos. Fotos de Flávio Mendes.



Origem



            O caranguejo Sylviocarcinus devillei tem ampla distribuição nas bacias da região amazônica, com ocorrência registrada na Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Brasil. No nosso país, são encontrados nos estados do AP, AM, PA, AC, MT e GO. Ocorre na bacia do Rio Amazonas e Rio Araguari.

Vivem em rios e lagos, em áreas marginais com barranco, entre ou sobre pedras ou galhada submersa. Também encontrada em covas rasas. Alguns autores relatam que é uma espécie difícil de ser coletada, porque vive em locais permanentemente submersos.


 


Distribuição geográfica de Sylviocarcinus devillei. Imagem original Google Maps; dados de Magalhães C. In: Melo GAS. 2003.


Aparência

 

Cefalotórax de altura média, arredondado. Olhos pequenos, antenas curtas. Grandes quelípodos, assimétricos nos machos. Pernas dispostas lateralmente. Grande porte, carapaça mede até 10 cm de largura, é o maior tricadactilídeo conhecido.

Existem duas famílias de caranguejos de água doce no Brasil: Trichodactylidae e Pseudothelphusidae. Os primeiros podem identificados por dois detalhes: dáctilos com pêlos (ao invés de espinhos, daí seu nome), e segundo maxilópode.

A espécie Sylviocarcinus devillei é facilmente identificada pela sua típica fronte espinhosa, a margem frontal é bilobada e armada com espinhos agudos ou tubérculos, conferindo um aspecto serrilhado. É a única espécie com esta distribuição que mostra tal característica. A margem ântero-lateral da carapaça exibe 3-4 dentes acuminados, que podem ser desvanecidos em exemplares grandes. Há fusão dos somitos abdominais (III-V coalescentes).

A região dorsal da carapaça é coberta de manchas vermelhas, que em alguns indivíduos é restrita à porção distal, a região anterior sendo uniformemente avermelhada.

 







Sylviocarcinus devillei, macho coletado no parque nacional Alto Purús, em Ucayali, Peru. Fotos de James Albert.


Parâmetros de Água

 

É uma espécie robusta, tolerante quanto às condições da água, mas é nativo da Bacia Amazônica. Ou seja, se desenvolve melhor em temperaturas mais altas, águas moles e ácidas.



 



Dois exemplares de Sylviocarcinus devillei, fotografados no Amapá. Fotos de Flávio Mendes.



Dimorfismo Sexual

 

Como todo caranguejo, pode ser feita facilmente através da análise do abdômen, o macho possui abdômen estreito, e a fêmea, abdômen largo, onde fixa seus ovos. Machos adultos também possuem garras maiores e mais robustas, uma delas mais desenvolvida (heteroquelia).





Casal de Sylviocarcinus devillei durante a cópula, dentro de uma armadilha (covo), coletados em um rio amazônico. Foto de Flávio Mendes.



Reprodução

Todo seu ciclo de vida se dá em água doce. Produzem poucos ovos de grandes dimensões, apresentam desenvolvimento pós-embrionário direto, onde as fases larvais completam-se ainda dentro do ovo. Na eclosão são liberados indivíduos já com características semelhantes ao adulto.


 


Sylviocarcinus devillei, exemplar peruano. Note a grande variação nas manchas da carapaça desta espécie. Foto de Bill Grimes.



Comportamento

 

São animais totalmente aquáticos, não necessitando vir à superfície para respirar. Porém, suportam algum tempo fora d´água, principalmente se houver umidade. Fugas são bastante frequentes, o aquário deverá ser sempre mantido bem tampado.

Agressivos, especialmente os indivíduos maiores. Invertebrados bentônicos fazem parte da sua dieta, assim, deve-se atentar à presença de caramujos ornamentais, que serão rapidamente predados. Pelo mesmo motivo, caranguejos muito pequenos (da mesma, ou outra espécie) correm riscos de predação. Plantas tenras podem ser devoradas também.

Por serem escavadores, não são indicados para tanques com substrato fértil, ou com layout ornamental. Adultos têm hábitos noturnos, e costumam ficar entocados até anoitecer, jovens são mais ativos durante o dia.

Como os demais crustáceos, tornam-se vulneráveis após a ecdise, e podem ser predados por outros animais. Por este motivo, nesta época permanecem entocados, até a solidificação completa da carapaça.

 








Sylviocarcinus devillei, fotografados em Abaetetuba, Pará. Fotos gentilmente cedidas por Ademir Heleno A. Rocha.


Alimentação

 

Não são nada exigentes quanto à alimentação, comendo desde algas, animais mortos a ração dos peixes. Como mencionado, caçam ativamente caramujos e outros pequenos invertebrados, e podem se alimentar também de plantas com folhas tenras.

 

 

 

Bibliografia:

  • Magalhães C. Famílias Pseudothelphusidae e Trichodactylidae. In: Melo GAS. Manual de Identificação dos Crustacea Decapoda de água doce do Brasil. São Paulo: Editora Loyola, 2003.
  • Rodríguez G. The Freshwater Crabs of America: Family Trichodactylidae and Supplement to the Family Pseudothelphusidae. Paris, Editions ORSTOM, 189p. 1992 (Collection Faune Tropicale 31).
  • Magalhães C, Türkay M. Taxonomy of the Neotropical freshwater crab family Trichodactylidae II. The genera Forsteria, Melocarcinus, Sylviocarcinus and Zilchiopsis (Crustacea: Decapoda: Trichodactylidae). Senckenbergiana Biologica, v.75, p. 97-130, 1996.
  • Cumberlidge, N. 2008. Sylviocarcinus devillei. In: IUCN 2013. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2013.2. Downloaded on 24 January 2014.


Agradecimentos ao professor Ademir Heleno A. Rocha (veja seu blog  aqui ), a Henrique Anatole, ao biólogo Flávio Mendes, ao Dr. James Albert (Departamento de Biologia, Universidade de Louisiana, Lafayette) e também a Bill Grimes ( Dawn on the Amazon ) pelo uso do material fotográfico.
 
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