INÍCIO ARTIGOS ESPÉCIES GALERIA SOBRE EQUIPE PARCEIROS CONTATO
 
 
    Espécies
 
"Fredilocarcinus apyratii"  
Artigo publicado em 17/07/2022, última edição em 06/01/2024  



Nome em português: Caranguejo de água doce.
Nome em inglês: -
Nome científicoFredilocarcinus apyratii Magalhães & Türkay, 1996

Origem: oeste do Acre
Tamanho: carapaça com largura de até 2,2 cm
Temperatura: 25-34° C
pH: ácido
Dureza: baixa

Reprodução: especializada, todo ciclo de vida em água doce
Comportamento: agressivo
Dificuldade: fácil

 

 

Apresentação

 

Fredilocarcinus é um pequeno gênero de caranguejos de água doce da família Trichodactylidae, subfamília Dilocarcininae, com somente três espécies conhecidas, de pequenas dimensões. Somente uma é encontrada no Brasil, Fredilocarcinus apyratii, no Oeste do Acre. 

Etimologia: Assim como o pseudotelfusídeo Fredius, Fredilocarcinus é uma homenagem jocosa feita pelo zoólogo Gerhard Pretzmann ao cunhar o gênero em 1978 ao seu amigo ictiologista austríaco Alfred C. Radda (“Fred”), carcinus vem do grego karkinos (caranguejo). O nome específico apyratii vem do Tupi-Guarani "apyra" (ponta) e "tii" (fino), uma referência ao aspecto do ápice do gonópodo.

 

Origem

Possui distribuição bastante restrita na América do Sul, sendo conhecido somente da sua localidade tipo, alto Rio Juruá, oeste do Acre, e uma segunda coleta no Amazonas, em localidade próxima. Extensão presumida para o Peru.

Uma segunda espécie peruana, Fredilocarcinus raddai, foi recentemente encontrada muito próximo à fronteira brasileira. Decidimos incluir no mapa abaixo, devido à forte possibilidade de ocorrência também em território brasileiro.

Não há outras informações em relação aos habitats ocupados. 

 

Distribuição geográfica de Fredilocarcinus apyratii e F. raddai. Imagem original Google Maps; dados de Melo GAS 2003 e Arias-Pineda JY, et al. CheckList 2015.






Aparência

 

Cefalotórax de altura média, arredondado e convexo. Olhos pequenos, antenas curtas, margem frontal lisa e bilobada. Grandes quelípodos, assimétricos nos machos, pernas dispostas lateralmente. Possuem coloração avermelhada.

Existem duas famílias de caranguejos de água doce no Brasil: Trichodactylidae e Pseudothelphusidae. Os primeiros podem identificados por dois detalhes: dáctilos com pêlos (ao invés de espinhos, daí seu nome), e segundo maxilópode. 

Dentro da família, existem diversos caranguejos que historicamente eram classificados como Dilocarcinus, e posteriormente separados em outros gêneros, GoyazanaFredilocarcinusMoreirocarcinus Poppiana, baseados principalmente no aspecto do gonópodo. Quase todos são praticamente idênticos numa visão dorsal, indistinguíveis para o leigo (com poucas exceções, como P. dentata). Todos possuem carapaça suborbicular, convexa, com região frontal bilobada e lisa (exceto P. dentata). Margem ântero-lateral com seis a sete dentes agudos, além do dente orbital, com poucas exceções, como Fredilocarcinus apyratii com 6, e M. laevifrons com 7-8. 

Numa visão ventral do abdômen, os Goyazana podem ser separados com facilidade, pela ausência de fusão dos somitos. Os demais têm fusão parcial dos somitos, III-VI. O Dilocarcinus pagei pode ser identificados com relativa facilidade pela presença de uma carena transversal elevada na borda anterior do terceiro segmento abdominal, em ambos sexos. Os demais não possuem esta carena, inclusive D. septemdentatus. Destes, o macho do Fredilocarcinus possui o abdômen triangular largo, com margens convexas, enquanto os demais possuem o abdômen estreito, de margens côncavas. 

A coloração pode auxiliar, embora não seja totalmente confiável. Quase todos os D. pagei G. castelnaui têm uma cor avermelhada intensa, enquanto os demais (inclusive D. septemdentatustêm cor mais variável, amarelada, parda ou até cinza-azulada, podendo ser avermelhados também.   



Fredilocarcinus apyratii, foto cortesia de Célio Magalhães. 




Parâmetros de Água

 

Há pouquíssimos dados, baseado nos locais de coleta, devem ser melhor adaptados a águas moles e de baixo pH. É uma espécie tropical, vivendo em temperaturas maiores.




Dimorfismo Sexual

 

Como todo caranguejo, pode ser feita facilmente através da análise do abdômen, o macho possui abdômen estreito, e a fêmea, abdômen largo, onde fixa seus ovos. Os machos também têm maiores dimensões, garras mais desenvolvidas e assimétricas.



Fredilocarcinus apyratii, fotos do BOLD System.



Reprodução

Vivem em águas continentais, todo seu ciclo de vida se dá em água doce. Não há informações sobre a reprodução como períodos reprodutivos, número ou aspecto dos ovos. Devem ter cuidado parental, como os demais membros da família, as fêmeas carregando ovos e filhotes após o nascimento.

Como os demais membros desta família, devem ter desenvolvimento pós-embrionário direto, também chamado epimórfico, onde as fases larvais completam-se ainda dentro do ovo. Na eclosão são liberados indivíduos juvenis, já com características semelhantes ao adulto. 



Fredilocarcinus raddai, uma espécie do Peru, recentemente registrada muito próximo à fronteira brasileira. Barra de escala: 10 mm. Imagens extraídas de Arias-Pineda JY, et al. Check List 2015 (terceira referência listada na bibliografia, Licença Creative Commons).



Comportamento

 

Não há informações disponíveis, baseado em espécies próximas, são animais aquáticos, mas com hábitos anfíbios, suportando algum tempo fora d´água, principalmente se houver umidade. Não há informações também sobre a criação em cativeiro, acredita-se que sejam idealmente mantidos em um aquaterrário.

Como os demais crustáceos, tornam-se vulneráveis após a ecdise, e podem ser predados por outros animais. Por este motivo, nesta época permanecem entocados, até a solidificação completa da carapaça.




Alimentação

 

Não há informação disponível, provavelmente onívoros como os demais caranguejos deste grupo. 




Bibliografia:

  • Magalhães C. Famílias Pseudothelphusidae e Trichodactylidae. In: Melo GAS. Manual de Identificação dos Crustacea Decapoda de água doce do Brasil. São Paulo: Editora Loyola, 2003.
  • Magalhães C, Türkay M. Taxonomy of the Neotropical freshwater crab family Trichodactylidae. III. The genera Fredilocarcinus and Goyazana (Crustacea: Decapoda: Brachyura). Senckenbergiana Biologica, 75(1/2): 131-142, 1996.
  • Arias-Pineda J, Gómez D, Magalhães C. (2015) Range extension of the genus Fredilocarcinus Pretzmann, 1978 (Crustacea: Decapoda: Trichodactylidae) to Colombia. Check List 11(2): 1586.
  • Rodríguez G. The Freshwater Crabs of America: Family Trichodactylidae and Supplement to the Family Pseudothelphusidae. Paris, Editions ORSTOM, 189p. 1992 (Collection Faune Tropicale 31).
  • Magalhães C. 2016. Avaliação dos Caranguejos tricodactilídeos (Decapoda: Trichodactylidae), Cap. 32: p. 420- 440. In: Pinheiro, M.A.A. & Boos, H. (Org.). Livro Vermelho dos Crustáceos do Brasil: Avaliação 2010-2014. Porto Alegre, RS: Sociedade Brasileira de Carcinologia - SBC, 466 p.
  • Rogers DC, Magalhães C, Peralta M, Ribeiro FB, Bond-Buckup G, Price WW, Guerrero-Kommritz J, Mantelatto FL, Bueno A, Camacho AI, González ER, Jara CG, Pedraza M, Pedraza-Lara C, Latorre ER, Santos S. Chapter 23 - Phylum Arthropoda: Crustacea: Malacostraca. In: Thorp and Covich's Freshwater Invertebrates (Fourth Edition), Editors: D. Christopher Rogers, Cristina Damborenea, James Thorp. Academic Press, 2020. p. 809-986.
  • Cumberlidge, N. 2008. Fredilocarcinus apyratii. The IUCN Red List of Threatened Species 2008: e.T134034A3898217. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2008.RLTS.T134034A3898217.en.



Agradecimentos ao Prof. Célio Magalhães Ubirajara Filho (INPA / FFCLRP USP) por permitir a publicação da sua foto no nosso artigo.


 As fotografias do Barcode of Life Data System, e aquelas extraídas de Arias-Pineda JY, et al. CheckList 2015 estão licenciadas sob uma  Licença Creative Commons . A página original do BoLDS pode ser vista  aqui .
 
« Voltar  
 

Planeta Invertebrados Brasil - © 2024 Todos os direitos reservados

Desenvolvimento de sites: GV8 SITES & SISTEMAS